domingo, 27 de fevereiro de 2011

Quid est demonstrandum e o que deve; BH, 0160190802002; Publicado: BH, 0270202011.

Quid est demonstrandum e o que deve
Ser demonstrado, como um aforismo da escolástica,
Quando muitos partem de um princípio ainda
Não provado para consequências extraordinárias,
Onde exige-se então que o princípio seja antes
De tudo provado e não meramente suposto;
A verdade onde pretendo chegar, ao tentar
Convencer-me, é a que quid scripsi, scripsi,
O que escrevi, escrevi, tais as palavras referidas
Pelo Evangelho a respeito de Pilatos ao
Receber reclamações dos judeus contra o
Epitáfio de Cristo; só não consigo provar;
Escrever é pior do que uma enarmonia, tal
Entre os gregos antigos, a sucessão melódica
Por quartos de tom; e modernamente, a relação
Entre duas notas consecutivas que diferem
Só por uma, como por exemplo, o do sustenido
E o ré bemol; se tento ser poeta, sou enarmônico
Como bilhões de outros quaisquer; se eu
Tivesse entre minha mente e meu pensamento,
E entre meu pensamento e minha ação,
A certeza de uma firme enartrose, a resistente
Articulação móvel formada por uma eminência
Óssea encaixada numa cavidade, tipo
Articulação do fêmur com a bacia, talvez
Eu saberia demonstrar alguma sabedoria;
Continuo, ainda, então, na minha árdua
Tarefa de constituir uma obra-prima,
Uma obra de arte; alguns usam expressões
Idiomáticas em inglês, outros em francês,
Eu uso em latim, por enquanto; espero,
Poder alcançar, um dia, um certo poder literário,
Uma enase, o fermento do vinho, em forma de
Pastilhas, que pode se transformar num bom
Vinho e eu também, ao enastrar as palavras, para
Ornar as letras e tecer frases com fitas, entrelaçar
Sentenças, entrançar orações, cobrir de natas, de
Nateiros ao enatar o leite que por acaso jorrar
Da criatividade, da ença e de tudo que
Exprime qualidade; parença de capacidade
E vazia de malquerença, da diferença que
Ostenta o indiferente ao amor; a doença da falta
De paz e a mantença da matança e do ódio
No seio da humanidade; hoje encontrei um
Velho de oitenta e sete anos e até
Agora, ele disse, que ainda não havia
Conseguido o seu estalo; eu estou com
Quarenta e sete, e também ainda não
Atingi o meu; será que terei que esperar
Mais querenta anos? minha ignorância
Não pode encalecer mais; não posso deixar
Criar calos de mediocridade dentro de mim,
Calejar a imbecilidade e tornar-se caloso
O espírito de idiota; devo fugir do encalço
Da futilidade; não posso deixar a inutilidade
Se encalçar do meu calcanhar; minha
Pegada não deixará rasto de indiferença
E nem pista de desprezo; quero calcar a
Serpente no acalcar do meu calcanhar; se tu
Achas que sou um deserto, ajudes na
Minha encaldeiração, no encaldeirar do
Terreno em que estou plantado, como no
Rodear da árvore com uma cova para juntar
Água de regadura e que sirva para
Encaleirar minhas raízes e meter e dirigir
Meu tronco em caleira; não gosto e encalacrar
O futuro ou calotear o destino; não me deixo
Encalamoucar por falta de sentido ou de direção;
Calamistrar só o ânimo contra a preguiça; e
Encalamistrar mais a disposição contra o
Desânimo e com encalamento, peça de madeira
Que atravessa o barco para o reforçar a enfrentar
A tempestade, a procela, a fúria do mar encapelado;
Esta é a minha dívida comigo; não sei quando
Sairei desta encalacração e nem sei quando
Quitarei a encalacradela desta vida; talvez
Nunca e nem mesmo com a morte; a sorte já
Está lançada; é hora de encaieirar e formar uma
Caieira com os tijolos a cozer para deter o azar.

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