quarta-feira, 23 de março de 2011

Fagundes Varela, A Ascensão de Jesus Cristo; BH, 0230302011.

I) 1 - O pôr do sol.

Entre esplêndidas nuvens purpurinas,
Mergulhava-se o sol, e os frescos vales
Abriam seus tesouros de perfumes
Aos bafejos das asas suspirosas
Que desciam dos montes do Ocidente.

    2 - Os Apóstolos.

Sôbre um risonho outeiro reunidos,
Escutavam os homens do Evangelho,
As predições supremas, as sentenças,
E as derradeiras instruções do Mestre.

   3 - A aldeia.

A sossegada aldeia de Betânia
Se estende a seus pés, pobre, singela,
Como um plácido ninho de andorinhas
No meio de um vergel.

II) 4 - As instruções de Cristo.

                                             - "Pobres amigos!"
O Redentor falou, "em vossas almas,
Eu plantei as sementes da Verdade.
Não as deixeis morrer, tenham embora,
Em vez de orvalho, lágrimas de sangue!
Deus vos dará valor. Eu parto e deixo
Em vossas mãos a sorte do Universo!
Buscai os tristes, procurai os pobres,
E o bálsamo divino da esperança,
Nas feridas vertei, dos desgraçados.
Voai à zona tórrida e às planícies,
Onde perpétuos gelos se aglomeram;
Ensinai aos mortais as leis do Eterno,
A pureza celeste dos costumes,
O perdão das mais ásperas ofensas!
E em nome do Senhor pregai ao mundo
As mais belas das lúcidas virtudes:
A Esperança, a Fé e a Caridade!"

    5 - A transfiguração.

Falava o Salvador, seu santo rosto
Fulgurante se tornava, seus olhos
De inefáveis clarões se iluminavam,
E a túnica mesquinha e desbotada,
Da brancura da neve se abria.

III) 6 - A Ascensão.

Os amigos prostraram-se embebidos
Em êxtase divino; o grande Mestre
Sôbre eles estendeu as mãos brilhantes,
Volveu aos céus o rosto glorioso,
E, deixando de manso a terra e os homens,
Ergueu-se, ergueu-se pelos vastos ares
Até librar-se no sidério espaço,
Como longínqua estrela rutilante!
Por fim perdeu-se além, na imensidade,
Onde não chega o pensamento humano!
 - Aqui termina a história do Calvário.

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