domingo, 27 de março de 2011

Stéphane Mallarmé, Hoje O Dia Vivaz; BH, 0270302011.

Hoje o dia vivaz, virgem e luzidio
Vai-nos romper num golpe de asa mal contida
A rigidez do lago onde vive transida
A pureza glacial de um vôo que não fugiu!

Um cisne rememora o que ele foi no estio
Magnífico mas que de se livrar duvida
Por não haver cantado a região querida
Quando o tédio raiou na lassidão do frio.

Agitará seu colo a cândida agonia
Imposta pelo espaço à ave que o repudia,
Jamais o horror do chão que a plumagem cativa.

Fantasma por seu brilho em tal lugar banido,
Sem movimento jaz numa frieza altiva
Que em seu exílio veste o Cisne desvalido.

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