segunda-feira, 25 de abril de 2011

Nietzsche, Os Tiranos do Espírito; BH, 0250402011.

A marcha da ciência já não é contrariada, como o foi
Durante muito tempo, pelo fato acidental de que o homem viva
Aproximadamente setenta anos.
Outrora se pretendia chegar ao topo do conhecimento durante esse
Espaço de tempo e os métodos de conhecimento eram apreciados
Em função desse desejo universal.
As pequenas questões e experiências especiais eram consideradas
Desprezáveis, buscava-se o caminho mais curto, acreditava-se, uma
Vez que todo esse mundo terreno parecia organizado em função do
Homem, que a perceptibilidade das coisas estava adaptada a uma
Medida humana do tempo.
Tudo resolver de imediato e com uma só palavra - esse era o desejo
Secreto: o problema era representado sob o aspecto do nó górdio ou
Do ovo de Colombo; estava-se persuadido que era possível, no domínio
Do conhecimento, atingir o objetivo, à maneira de Alexandre ou de
Colombo e elucidar todas as questões com uma só resposta.
"Há um enigma a resolver": assim é que a vida se apresentava aos olhos
Do filósofo; era preciso primeiro encontrar o enigma e condensar o
Problema do mundo na fórmula mais simples.
A ambição sem limites e a alegria de ser o "decifrador do mundo" preenchiam
Os sonhos do pensador; nada lhe parecia valer a pena neste mundo se não
Fosse encontrar o meio de tudo conduzir a bom termo para ele!
A filosofia era assim uma espécie de luta suprema pela tirania do espírito -
Ninguém duvidava que esta não fosse reservada a alguém muito feliz, sutil,
Inventivo, audacioso e poderoso - a um só! - e muitos, o último entre eles
Shopenhauer, imaginaram que eram esse só o único.
 - Disso resulta que, em resumo, a ciência ficou até agora para trás em
Consequência da estreiteza moral de seus discípulos e que doravante é preciso
Entregar-se a ela com uma ideia diretriz mais elevada e mais generosa.
"Que importa eu!"
 - Isso é que se encontra sobre a porta dos pensadores futuros.

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