O bom é bater o pé no chão,
E sentir firmeza, sentir o chão,
Debaixo do pé, sentir a terra;
O homem nasceu da terra,
E à terra volta, no fim do ciclo,
Da sua vida infeliz;
Pois sei que mesmo ao nascer da terra,
E ao voltar para ela depois,
O homem não é um ser feliz;
Mais feliz é o voo tranquilo,
E sereno do urubu, ao fim da tarde;
O bom é poder ver, enxergar, falar e ouvir;
Cantar e propagar a alegria da vida;
Depois uma pá de terra,
Enterra todo o nosso destino,
Todo o nosso sonho e nosso pesadelo;
Depois num buraco fundo,
Enterramos nosso medo,
Fraqueza e fragilidade;
Olhemos então as coisas,
Olhemos com devoção e amor,
Como se fosse a última vez,
E a última coisa que estamos a enxergar;
Superamos então as nossas limitações,
Sejamos grandes e presentes,
Muito curto é o nosso tempo aqui,
Por mais que façamos algo,
Mui pouco teremos chegado a fazer;
Pois a preguiça e a inércia,
São constates em nossos corações,
Como um câncer que não tem cura,
E dos outros vários males que carregamos,
Nunca conseguiremos nos separar.
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