terça-feira, 30 de agosto de 2011

Estou acataléptico e sombrio; BH, 0801101999; Publicado: BH, 0300802011.

Estou acataléptico e sombrio,
À margem do rio de Caronte,
E não tenho em mãos,
O óbolo que garante,
A travessia avante;
Não estou completo em mim,
Meu ser não é perfeito,
Sou um patético embrião,
De esperma duma masturbação,
Óvulo dum onanismo,
Sem o amor acataléctico,
O contato carnal,
Só a inseminação artificial;
E até hoje procuro,
Meu útero materno,
Meu aleitamento
E a paz acatalética que me falta,
Ao fundo do meu quintal;
Como legião sou multidões,
Mas acastelado em areia,
Imitação de castelo movediço,
Que a falta de perfeição,
Não deixa fortificar,
Construir a bom modo,
O futuro incerto;
Prevenir os obstáculos,
Precaver-se das tormentas,
Encastelar-se contra a procela,
Que nos faz acastelar,
Dentro do nosso próprio abismo;
E acasulado na alma,
No casulo do espírito,
Preso dentro do crânio,
A acasular a mente,
Internamente mais;
Meu Deus, me observa com atenção,
Ponha-me em pauta,
Na tua santa consideração,
Faças que eu faça parte,
Do teu divino acatamento
E toda a minha acatadura,
Será uma brisa de sereno,
Um leve sopro dum vento.

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