terça-feira, 16 de agosto de 2011

Llewellyn Medina, Para João Ubaldo Ribeiro; BH, 0160802011.

Caro João Ubaldo
Eu também choro.

Choro nos momentos previstos
E em todos que devem chorar
(até mesmo os brutos).
Choro nos momentos imprevisíveis
Para os quais não tenho explicação.

Se é Natal
Choro (previsível)
Se é aniversário de alguém querido
Choro (imprevisível).

Choro quando minha filha chega de Nova York
(Dá pra entender?)
Choro quando os negros da Bahia
Armam aquele navio
Pra lutar na guerra do Paraguai
(Você se lembra da passagem?)

Noto, às vezes, contradição:
Já chorei em casamento
Mas não em enterro
Nem em missa de sétimo dia
(Aliás fui a poucas).

Ao contrário do ilustre escritor
Que parou de chorar
À medida que o tempo foi passando
Eu choro mais.

Antes, quando eu tinha dezoito, vinte...
Quase não chorava.
Não lembro de ter chorado
Hoje, é o que está dito acima
Só faço chorar...

Mas não estive em C.T.I.
Nem deixei que tocassem
(Que trocassem)
Veias do meu coração
Talvez seja a razão por que chora tanto.

Não sei se vou parar de chorar
Não sei se é importante
Sinto uma coisa apenas
Depois de chorar
Tenho sempre de enxugar as lágrimas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário