quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Perdi o contato com a natureza; BH, 0901101999; Publicado: BH, 0180802011.

Perdi o contato com a natureza,
Não vejo mais as árvores
E nem sinto o perfume das flores;
Não vejo mais os áceres,
O ácer bordo, a árvore verde;
Minha aceração é lenta e gradual,
Não percebo mais as formiguinhas;
Estou a ser transformado,
Em aço frio e resistente;
Perdi o contato com as aceráceas,
Espécime de famílias de plantas,
Que tem por tipo o bordo, aceráceo;
Estou a ficar acerado,
Minha têmpera é de aço puro,
Inoxidável e gélido;
Não vejo mais o voo das borboletas,
E nem ouço o canto das cigarras;
É devastador para mim,
Meu peito acerador;
Tudo me acera por dentro e por fora;
Uma aceragem eterna,
E nunca mais serei um homem;
Meu ser acerante, sempre me impedirá,
De olhar as nuvens do céu,
De olhar os pássaros;
Tamanha a minha infinita acerbidade;
Minha aspereza interior que não acaba nunca,
E a agrura de minha alma,
Com a qualidade de tudo que é acerbo,
Que trago dentro de mim;
Meu hálito azedo de vários dias,
Semblante áspero de quem odeia,
Olhar severo de quem não gosta,
Cruel nas ações e nos atos;
Mas desabrido na mentira,
Amargo de verdade;
Se inda tivesse,
Algum motivo para sorrir,
Expressar a alegria e a felicidade;
E nenhum motivo tenho ,
A não ser a inexistência;
Quem pretende ser,
Tem que ter no mínimo amor
E nunca perder o contato,
Com a mais simples obra da natureza
E nem virar esta máquina desumana.

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