segunda-feira, 3 de outubro de 2011

E quero a poesia; BH, 020502000; Publicado: BH, 0301002011.

E quero a poesia,
Desde o tempo que decorre entre,
Duas passadas consecutivas
Da Terra pelo mesmo ponto
De sua própria órbita;
Quero o poema anomalístico,
Do animal cujas patas são desiguais,
Como o verso anomalípede,
Que tem flores de corola anômalas,
Com o conteúdo anomalifloro;
E ao dar cor de nogueira à estrofe,
Ao anogueirar a frase e
Anogueirado o texto e o contexto,
Sem a privação do aparelho visual,
Na anoftalmia do semblante;
E ao chegar a falta completa dos dentes,
Não usar a dentadura na anodentia
E sorrir como se fosse uma poesia;
Um eléctrodo positivo,
Ânodo de polo e de ponto de
Partida duma corrente elétrica,
O mesmo nódio conhecido;
E quero a poesia,
Que designa para cima,
Como a anoopsia, ou a anopsia,
E do prefixo grego ano
E do sufixo vernáculo variante
Erudito designativo de naturalidade,
Que fala do sergipano como do romano,
Do italiano como o atibaiano,
A banir seita e partido luterano
E anglicano e republicano;
Nada, nem referente a paroquiano
E só o ar livre serrano,
A brisa aromatizada e poética,
A neblina, a névoa, o orvalho, só.

Nenhum comentário:

Postar um comentário