Repousei minha cabeça numa pedra,
Na beira da estrada e esperei que,
Anjos descessem do céu na madrugada;
Aconteceu que dormi e não vi
As pegadas deles na poeira e nem
Os degraus da escada, por onde
Eles iam descer; o dia já avançava,
E caminhava, senti fome, senti
Sede e deparei-me com a montanha;
Uma serpente silvou, ao enroscar-se
Nos seixos; ao longe um piado,
Parecido de águia, ou de
Outra ave de rapina; comecei
A subir a montanha, para atingir
As estrelas ao anoitecer; vi uma
Fonte de água límpida; vi
Um pão fresco em cima duma
Colina, mas o meu desejo de
Chegar ao topo, não deixou-me
Parar; repousar não era preciso,
Comer pão, beber água, e deixar
O cimo para outros perseguidores,
Jamais; perseguia o vento,
Perseguia os raios, buscava a
Raiz donde eles brotavam;
Onde as estrelas caiam e fiz
Meu ninho nas fendas das
Rochas; protegido, seguro, choquei
Meus pensamentos, nasceram filhotes,
E saciado, de estômago vazio,
Repousado, ressequido de sol,
Comecei a descer a montanha.
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