sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Fernando Pessoa, Aqui, neste sossego e apartamento; BH, 01101102011.

Aqui, neste sossego e apartamento,
Nesta quieta solidão sem fim,
Sem cuidado ou tormento
Que ocupe este momento,
Da vida e mundo volto-me para mim.
Tão breve sombra do que pude ser
Me encontro, tão perdida semelhança
Com minha vida por acontecer,
Tão nocturna lembrança
Do dia e do viver,
Que se perturba a solidão, e eu moro
Entre homens novamente
E novamente cheio
O que fui de outros, e que rememoro,
E, memorando-o, é mais insubsistente.
Ténue, vazio, inútil, imperfeito.

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