quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Manoel de Barros, O Vento; BH, 02401102011.

Queria transformar o vento.
Dar ao vento uma forma concreta e apta a foto.
Eu precisava pelo menos de enxergar uma parte física
Do vento: uma costela, o olho...
Mas a forma do vento me fugia que nem as formas
De uma voz.
Quando se disse que o vento empurrava a canoa
Do índio para o barranco
Imaginei um vento pintado de urucum a empurrar a
Canoa do índio para o barranco.
Mas essa imagem me pareceu imprecisa ainda.
Estava quase a desistir quando me lembrei do menino
Montado no cavalo do vento - que lera em
Shakespeare.
Imaginei as crinas soltas do vento a disparar pelos
Prados com o menino.
Fotografei aquele vento de crinas soltas.

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