Só sei viver assim ansiado;
Não adianta que não sei
Deixar de ser aflito;
E o meu amor não é
Desejado ardentemente, nem
Por mim; nada conheço que
Seja contrário à minha dor;
Nada tenho em mim
Próprio para acalmar a dor
Que carrego dentro do
Meu coração; quero algo
Antálgico, um remédio
Anódino; meu mal já é
Anoso e todos sabem que
Tem muitos anos que,
Se apoderou do meu ser;
E na minha covardia crônica,
Não sei destruir o anteface,
O véu com que cubro meu
Rosto com a vergonha do
Meu medo; é por isso que
E no desespero não trago
Palavras de cortesia, que
Antecedem a assinatura de
Todas as minhas cartas; e
Sinto não ser uma antefirma;
Não tenho motivo para tal;
Tudo em mim é só mal,
Sem qualidades de bem,
Sem reflexos de bom; e não
Encontro pretexto para ser
Feliz, nem ensejo para me
Contentar; perdi a ocasião
De sorrir e o motivo para
Alegrar-me; voei nas asas da
Falda da ansa infinita.
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