quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

André Chénier, A Poesia; BH, 02101202011.

De flores coroada e empunhando uma lira,
Sozinha, e sempre em seduções embevecida,
Até na solidão, seus passos, jovens passos,
Tesouros vão achar que ninguém suspeitava.

Seus olhos repousando em árido silvedo,
O silvedo a sorrir, lhe arremessa uma rosa.
Ela sabe evitar, em seu justo desdém,
Flores que, muita vez, passando em outras mãos,

E sabe mesmo, encantadora maravilha!
Com dedos maternais, reparar e colher
E sabe mesmo encantadora maravilha!
Aquelas que outras mãos tão-só fez machucar.

Somente ela conhece esses raros enlevos,
Ligeiras criações de espíritos ardentes,
Os sonhos de um momento, ilusões tão bonitas,
De um mundo imaginário amorosas visões,

Que não prendem jamais, luz por demais sutil,
O embrutecido olhar de espíritos terrestres.
Com palavra feliz, fácil e transparente,
Ela sabe vestir as errantes visões...

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