terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Enquanto consciente e antes que a inonsciência; BH, 0140502002; Publicado: BH, 02701202011.

Enquanto consciente e antes que a inconsciência
Apodere-se do meu ser: pois o estado normal do
Meu espírito, é justamente, o de estar distante de
Mim; e a minha cabeça, nem untada com óleo,
Nem ungida com medicamento que tem por
Excipiente o óleo, é capaz de ser uma cabeça
Abençoada, luminosa e iluminada; e o cérebro
Dentro dela, não evolui, não passa duma 
Eleolita, vil variedade de nefelita, com brilho graxo;
O eletricismo da mente não acompanha mais a
Força da memória, ao exterminar assim qualquer
Poder de eletricidade, ao não transpor nem um
Eletrino, o alambre feito de imaginação, de
Criatividade eletriz e inspiração eleitora; tanto
Almejo um pensamento eletrizável, que mato a
Eletrocinética e não retorno nem com a
Eletrocoagulação; e quando estiver amarrado à  
Minha cadeira elétrica, quero olhar nos olhos dos
Meu eletrocutor, o carrasco que veio me matar com o
Eletrodiagnóstico, e não é nem o processo usado
Para diagnosticar doenças nervosas e de músculos,
Pela sua excitação com uma determinada corrente
Elétrica, a embolar e a confundir os gráficos da
Eletroencefalografia, a confundir as imagens na
Migração da eletroforese, com menos importância do
Que a eletrolisação, ou eletrólise, fenômeno pelo qual
Os íons se orientam e se descarregam sob a ação
Dum campo elétrico; e à minha frente deparei com
Vários campos; embrenhei-me por vários caminhos,
Mas, o único em que me perdi, foi no caminho do
Poeta, esta epidemia incurável, esta doença terminal,
Que acelera o eletrolisar, tal como o separar os íons
Dum electrólito, até o apagar da eletronarcose,
Quando a aplicação de corrente elétrica é uma narcose
Produzida; o eletronegativo essencial, elemento radical
Que na eletrólise se dirige ao anódio, o oxigênio, os
Metalóides, o que sirva para emblemar a vida; designar
Um assunto que leve à felicidade; por meio do emblema
Do amor, algo que sirva para simbolizar a paz; a natureza
De um embiú, árvore da família das Anonáceas, também
Chamada embiú-branco; à sombra de um embiruçu,
Árvore da família das Bombacáceas, hoje sigo embirrativo
Escritor embirrento, mais simplório do que um embiri,
Planta da família das Escrofulariáceas, também chamada
De erva-dos-feridos; é grande a embiratanha em que me
Meti nesta façanha de querer ser mais notável do que uma
Tal de embirataí, árvore da família das Anonáceas, inda
Chamada envirataí; hoje vivo a abrigar-me de mim, por
Vergonha e timidez; passo os dias a esconder-me e a
Ocultar-me nas minhas sombras nas penumbras; deixei as
Trevas envolver meu coração e não senti a gravidade
Embiocar-me com a força do medo, na direção da covardia
E passei a ser dirigido por outrem, embicado por desconhecidos;
Só escrevo zangado; ando carrancudo pela noite; um boi amuado,
Embezerrado por sentir-se meter em betesga, beco sem saída; a
Dor veio para encantoar-me, para encurralar minha pessoa,
Embetesgar até minha silhueta; à beira de minha sepultura, vieram
Todos a emberpinhar-se e em culto, violaram minha tumba; a
Carne já estava a criar berne; o cadáver a embernar em adiantado
Estado de decomposição, e mesmo assim serviu para embelecar
O banquete; era uma carne podre a enfeitar os stômagos dos que
Estavam em oração à volta da campa; nacos putrefatos para ornar
Os pensamentos; engordar as mentes ensandecidas; embair as
Criancinhas para uma orgia pedófila; enganar as almas com promessas
De céus; promessas de encanto num canto escuro; enlevo dum
Encantamento, uma afeição que beira embeiçamento de frustração por
Só receber uma esponja com vinagre embebido nela, e um pedaço de
Pão ensopado de fel; um rosto molhado de grande amargura; enlevado
De mau humor, absorto no ódio e no azedume, seguido de embebição
De bílis, com mais ação, com mais efeito de embeber todos os féis do
Mundo, e todos os feles do universo; embaúlam, então, meus restos
Mortais, se sobraram algum; se não der para embaular tudo, despeje
Num esgoto, não será necessário meter em baú; esconder mais não
Precisa; guardar o esqueleto no guarda-roupa; embaúlo os ossos no
Guarda-comida; embaúlas os sonhos nos pesadelos; a morte veio para
Encruar; endurecer enquanto embaúla o retrato no sótão; embaulamos a
Nós mesmo, só para que aprendamos a embatumar com os semelhantes;
Embaulais na fuga os parcos pertences nos alforjes, e é para pôr um
Batoque na boca do lobo, e uma rolha na garrafa pro alto mar; embatocar
Para não derramar o fel; vim para embastir; quero embastecer; tornar
Basto e grosso o meu ente; deixar aqui o espesso do meu ser, e o líquido
Que for convertido de mim, acondicionado em barril; e embarrilar junto
Com as lágrimas secas, feitas de pó e poeiras; embarrilagem de choros e
Prantos que nunca terão fim, neste destino incerto, que sinto sair de dentro 
De mim mesmo, isto é, eu, Ivanovitch Medina Santos.

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