Estou meio em tom bemol,
Pareço-me um pouco suave até,
De aspecto melancólico,
Ar triste, afetado com alguma coisa,
Que não sei bem o que é;
Estou abemolado hoje,
Afeminado de alma,
Com medo não sei de que;
Não tenho na veia azul,
O sangue dum abencerrage,
Membro da tribo moura,
Que dominou em Granada,
No século XV;
Sou sempre o último,
Não tenho em nada,
A dedicação extrema,
Não vou até o fim;
O derradeiro defensor,
Não sou nobre,
Falta-me a abencerragem,
Dos guerreiros antigos;
Falta-me um abençoador,
Um que me abençoa,
Abençoante abençoadeiro,
Benzedor rezador;
Não tenho um abençoamento espiritual,
Ninguém quis me abençoar,
Benzer-me contra quebranto,
Ou benzimento contra espinhela caída,
Uma benzição contra o azar,
Mau-olhado, cobreiro e agouro;
Não nasci abençoável,
O que pode receber benção,
Ser benzido e abençoado,
Vou morrer amaldiçoado.
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