terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Só depois de morto; RJ, 080301995; Publicado: BH, 0100102012.

Só depois de morto,
Van Gogh em vida,
Não valeu nada,
Só depois de morto,
Vale milhões de dólares,
Só depois de morto;
Porém, como depois de morto,
Não se pode morrer duas vezes,
Ou será que já se pode?
A não ser que nasce morto,
Ressuscita e morre novamente
E depois volta a nascer;
Se tiver com sorte,
Não nascerá morto,
Nascerá com vida
E crescerá com a morte;
Só depois de morto,
Faço até questão,
De só ter razão,
Muito tempo depois de morto,
Em vida, não;
São todos uns mortos,
Uns cadáveres que esperam,
A hora da necrópsia,
Esperam a hora
De entrar no corte,
Para saber a causa mortis;
Depois choros e flores e cemitérios;
Depois purgatório e inferno,
Que ninguém vai para o céu;
Ninguém escapa do juízo final;
Só depois de morto,
Do pó veio ao pó voltará;
Só depois de morto,
Se realizará.

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