Lá se vão os miseráveis,
A empurrar seus carros sujos;
Parecem comboios
De exércitos destruídos
Em guerras intermináveis;
Quem são?
Não sabemos nós, e
A sociedade dum modo geral,
Não interessa em saber,
Quem são;
E os chamam apenas
De os miseráveis;
E passam,
E os cães ladram;
E não gostaria,
De ter neste momento,
Toda a sensibilidade,
Que tenho agora,
Para não ter que pensar,
Nos miseráveis que vão lá;
Vão tristes e esquálidos,
Olhares perdidos,
Vozes de vácuos nas gargantas,
Barrigas vazias,
Cabeças pendentes,
Cães vagabundos os acompanham,
Por que nem Deus e nem os anjos,
Nem os santos e nem os demônios,
Querem a companhia deles;
Todos os ignoramos,
Fingimos que não são
E no fundo da mente pensamos,
Lá se vão os miseráveis.
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