sexta-feira, 9 de março de 2012

Manoel de Barros, Bola Sete; BH, 090302012.

Bola Sete não botava movimento.
Era incansável em não sair do lugar.
Igual o caranguejo de Buson que foi encontrado
De manhã debaixo do mesmo céu de ontem.
Para compensar tinha laia de poeta.
Dava qualidade de flor a uma rã.
Dava às pessoas qualidades de água.
Isso ele fazia com letras, não precisava se mover.
Onde estava era ele, a manhã e suas garças;
Era ele, o acaso e suas cores; era ele, o riacho e suas
Margens; era ele, o horizonte e suas nuvens.
Por aí.
Passarinhos brincavam nas paisagens de sua janela.
O mundo era perto.
Bastava estender as mãos que chegava no fim do mundo.
Bola Sete não botava movimento.
Era um sujeito desverbado que num uma oração desverbada.

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