sexta-feira, 4 de maio de 2012

Llewellyn Medina, Sobre um poema de Drummond; BH, 040502012.



A mim também
Ele me deu esse amor experimentado
Tão áspero e rugoso
Como a couraça impenetrável do jabuti
Mas tão suave e mágico
Como o roçar da brisa na relva outonal.
Deu-me sim esse amor
Que me faz desejar o úbere da terra
Desde que minha última seja a lembrança dele
Pois se de mim for retirada a lembrança
Que diferença haverá
Entre mim e tudo aquilo que nunca fui?
Esse amor no tempo de maduro
Precisa ser cultivado com ardiloso engenho
Para que os dias frios e sombrios
Que se advinham
Avizinhem-se sem borrascas
Pois são certos e hão de vir.
Parece contrariar a natureza das coisas
Essa tepidez outonal que me enleva docemente
Mas que faz renascer sentidos
Que cria não mais sentidos
Como aquelas lendas
Que somente os antigos sabem guardar.
Esse amor de anos tardios
Deus não somente me deu
Guiou-me até ele
Como Moisés guiou seu povo em busca do Nirvana
Pois  até então tudo o que vivia
Não era senão "dejà vu".
É bom que esse amor me aqueça
Pois o inverno chega logo
E a primavera não sei se virá...

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