No silêncio da madrugada, quando
Os grilos dormem, os insetos não
Voam e qualquer ruído gera um
Barulho, murmuro ao sussurro da
Fonte do jardim: o que será que
A água quer de mim? não posso
Falar, cicia o sussurro num suspiro
Ao meu ouvido; a madrugada soluça
Num zumbido de zumbis; meus
Ouvidos estão atentos ao latejar
Do vento; paira tudo um certo
Momento e penso que deixarei
De existir, morrerei quando
Não vier a madrugada; penso
Que não tenho uma namorada
Para compartilhar o romantismo;
Aí, assédio a água da fonte; cobiço
As névoas noturnas e soturno,
Espero enquanto Saturno, saturado,
Não pensa que é eternizado na
Posteridade perpétua duma poesia;
Todos os santos dormem; os fantasmas
Se recolhem; ficam os poetas solitários
A sonhar com namoradas, a beijar
Mulheres imaginárias, a esculpir
Nos escombros indefinidos, corpos
Esculturais de musas divinais;
Olho o tempo parado; nem sinal
De movimento; meus pensamentos
Dormem agora indolentes; aqui,
Necessitado de companhia, sozinho
Nesta encruzilhada de linha do
Horizonte com meu destino, e das
Paralelas com as minhas passarelas...
Um carro estúpido, então, põe tudo
A perder ao me tirar da solidão.
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