quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Noturno Nº 7; BH, 090702011; Publicado: BH, 020802012.

Minha mente é sobrenatural e povoada
Com pensamentos adeptos do ocultismo;
E quando olho num espelho, vejo um 
Pajé, o reflexo dum xamã, a agulha 
Dum vodu e o cutelo dum sacerdote
Preste a abater a vítima do sacrifício;
E de chás de raízes, de pós de sementes
E de cipós e folhas e cascas de troncos
E de frutos e de ramos e de ramas
E de caules e de flores e de pétalas,
São as beberagens que alucinam o 
Inconsciente e levam ao lapsos de razão
E de lucidez; e de peles e de ossos são os
Patuás que protegem contra as sombras das 
Florestas, as trevas das matas, as armadilhas,
Capoeiras e arapucas; os índios conhecem
Muito bem o que desconhecemos; e o que
Conhecemos muito bem e eles desconhecem:
É o que será o nosso extermínio; amanhã
Lamentaremos não termos sido índios;
Lamentaremos não conhecermos as mandingas,
Os feitiços e as feitiçarias dos pajés; 
Reclamaremos por não cantarmos os cantos
Das terras indígenas, por não dançarmos as 
Danças dos espíritos e as adorações e os 
Cultos à natureza e tudo que põe à disposição
De nossa sobrevivência e destruímos; quando
O dia clarear, será noite e a madrugada
Não será aquela que não vivemos sem ela;
Será a madrugada que não amanhecerá e 
Não acordaremos; não levantaremos do chão 
E estaremos a levitar, a querer a nós mesmos
E não nos encontraremos em nossos locais
De raízes, terras férteis e nascentes.

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