sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Casimiro de Abreu, Perfume de Amor; BH, 0210902012.

                                                       

                                                        Na primeira folha dum Álbum

A flor mimosa que abrilhanta o prado
Ao sol nascente vai pedir fulgor:
E o sol, abrindo da açucena as folhas,
Dar-lhe perfumes - desejar-lhe amor.

Eu que não tenho, como o sol, seus raios,
Embora sinta nesta fronte ardor,
Sempre quisera ao encetar teu álbum
Dar-lhe perfumes - desejar-lhe amor

Meu Deus, nas folhas deste livro puro
Não manche o pranto da inocência o alvor,
Mas cada canto que cair dos lábios
Traga perfumes - e murmure amor.

Aqui se junte, qual num ramo santo
Do nardo o aroma e da camélia a cor,
E possa a virgem, percorrendo as folhas,
Sorver perfumes - respirar amor.

Encontre a bela, caprichosa sempre,
Nos ternos hinos d'infantil frescor,
Entrelaçados na grinalda amiga
Doces perfumes - e celeste amor.

Talvez que diga, recordando tarde
O doce anelo do feliz cantor:
 - Meu Deus, nas folhas do meu livro d'alma
Sobram perfumes - e não falta amor!

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