sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Llewellyn Medina, Ah! o Rio; BH, 0210902012.

Ah! o Rio quando sopra o sudoeste
Um vento envolvente e frio
Frio para o calor do Rio
Um vento que nunca vem só
Traz nuvens cinzentas
Encrespa as ondas de Ipanema
Até o espelho d'água da Lagoa balança ...

As montanhas altaneiras
Sabem que têm de ceder a vez
E escondem-se naquelas nuvens cinzentas
E guardam uma pontinha de inveja ...

Pois é assim o Rio!

Há o tempo do azul do céu
Há o tempo em que as montanhas rompem o horizonte
Há o tempo do sol - este é quase o ano todo!

Mas há também o tempo do sudoeste
Que alguns privilegiados desta terra cultuam
 - Acho que sou um deles!

É que na aparência o sudoeste é contra o Rio
Pois exibe tudo aquilo que escapa do cartão postal
Qual turista vem atrás do céu cinzento
Do vento friorento
Da praia vazia
Da praça vazia?
Do botequim sem chope?

Turista quer sol
Quer verde quer riso
Quer chope quer mar
Quer corpos apolíneos que levitam
Quer comer montanhas de sorvete
E quer novamente corpos apolíneos que levitam ...

Mas há quem queira o sudoeste
Quem queira ouvir as notícias do minuano
Que vem dos pampas
Que ecoam desde os Andes
Que ficaram aqui e ali ...

Há quem queira ser contido
(O sudoeste é o vento dos contidos)
E prefira o silêncio da solidão
(O sudoeste é propício ao exercício da solidão)

Há aqueles que buscam esse Rio
Que o sudoeste lambe tão inconstantemente
(Pois o sudoeste não costuma aparecer
Com a regularidade do mecanismo do relógio)

Acho que até a moça da previsão do tempo
Não prevê o sudoeste - bem eito!
Este prepara das suas
Esconde o Rio por horas,
Dias,
Fim de semana
(Principalmente por fim de semana) ...

O sudoeste revela outro Rio de Janeiro
Que causa preguiça
Convida a acordar tarde
A vestir bolorentas roupas de inverno
(É amigos - no Rio roupa de inverno é sempre bolorenta)
Pra ir à esquina comprar o jornal de domingo
A refugiar-se no shopping
Esse templo do tempo
Que o carioca desde cedo compreendeu ...

Não venham me dizer
Que o sudoeste não é carioca
Aqui a universalidade transforma-se em arroz-de-festa
Aqui todos os embates
Resolvem-se imemoriais FLA X FLU
Aqui o sudoeste é aquele vento amigo
Que sopra afavelmente
Convida o carioca a fechar a janela ...

É que o sudoeste gosta de desfrutar sem concorrência
As delícias deste Rio
Que todos sabemos que é eterno!

Ave Rio
Os que te amam te saúdam!

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