quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Noturno Nº 33; BH, 0190702011; Publicado: BH, 050902012.

Há imaginações inimagináveis; há
Dimensões inatingíveis, também; e
Pensamentos impensáveis, idem; e
Não temos nem noção do que há e
Do que não há; há silêncios que nos perturbam
Espírito, alma e ser; e barulhos que não
Nos tiram da calma, por mais altos que sejam;
Ai de mim, que peregrino sou, malgrado meu,
Em busca desses limites; varo as madrugadas,
Canto aos seres noturnos, bebo com a lua,
Embriago-me com as estrelas; mas, quem
Não tem uma saga, uma história para
Contar? e tenho a pré-história; tenho
Lascas de pedras lascadas fossilizadas na
Alma, nas paredes do espírito; todos podem
Ler as primeiras letras das mãos que
Acabarão com a modernidade; não são
Mais de uso hoje as palavras das mãos e
Sentirei muita falta; não saberei como
Chorar meus poemas, e nem me imagino
Assim órfão, manietado, sem poder
Traçar nas paredes das catedrais, os anais
Das histórias das civilizações e da humanidade;
Não desvendarei mais um abcesso obcecado,
Por registar as palpitações universais;
E aquele cadáver dissecado, que querem
Desvendar a causa mortis, é a múmia da qual
Sopraram nas narinas e fingiu que ganhou vida
E passou a mentir como se vivo fosse,
Desde que todos notaram que o sarcófago
Estava lacrado e a cripta depositada aos pés do
Deus desconhecido, como se ele faria algum
Milagre de restituição de vida, onde vida não houve.

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