segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Patagônia, 927, 12; BH, 01º0902011; Publicado: BH, 01º01002012.

O poeta possui bens, infinitos; o poeta
Possui riquezas, são letras, palavras,
Universos; quem tem mais do que
O poeta? só o vento tem mais força,
Presença, atitude, postura; o vento
Vence o poeta; tem mais destreza
E faz coisas que o poeta não faz;
O vento não é ansioso, não tem
Angústia e nem agonia; o vento
Não comete  bizarrice, morbidez e
Imprudência; o poeta é o único
Rico na vida; de madrugada,
O vento vem com o que o poeta pede;
E leva a solidão para longe
E deixa a saudade junto do
Poeta; ele precisa de chorar,
É um poeta chorão, chora à toa,
À toa; lágrimas ele tem demais
E o vento as aproveita para regar
Outros jardins; o vento faz bem
Ao poeta e o embalará na hora
Da morte; levará as cinzas e os
Restos mortais do poeta para abraçar o
Universo; fará do poeta ainda
Um ser maior; e cada partícula
Do poeta será um infinito; vês
Como o vento é bom; espalha
As cinzas do poeta pelos céus e as
Empoeira nos castelos de nuvens
De algodão doce; e os deuses não
Espanarão nunca mais as prateleiras
Empoeiradas desses castelos; vento,
Fazes o favor de dizer, o quanto
Tu aumentas este poeta postado
À espera que cantes para as
Morenas nas janelas.

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