sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Tereza Mota Valadares, 190, 3; BH, 0290902011; Publicado: BH, 0501002012.

Deixais a minha literatura em paz; não
É literatura para vós, para mim é
Literatura sim; e a considero de
Grande profundidade, ou de alta
Elevação, de acordo com o que
Passa a transmitir a quem a
Procura, por um espaço de tempo
Longe de si mesmo; podeis não
Gostar, mas a defenderei com
Unhas e dentes e cérebro e
Cerebelo; é minha literatura
E peço-vos que a deixais sossegada
No canto dela, junto com as reminiscências
Que ela carrega desde o túmulo
Até às incubadeiras de constelações
De estrelas e ajuntamentos de galáxias,
Nascedouros de sistemas solares e de
Planetas; pouca coisa tendes para oferecer
A ela, mas ela tem o universo a vos oferecer;
Podeis estuprá-la como uns desvairados,
Uns priapos com desejos incontidos,
A muitas noites sem saciá-los;
Esta é a minha literatura, concebida
Sem ansiedade, num parto normal,
Sem traumas ou estresses, onde as
Madrugadas servem para vigílias,
Serenatas, serestas e enamorados
A beijarem-se apaixonados, como
Adolescentes que descobriram o amor;
Se por ventura, algum dia ou noite,
Sozinhos convosco mesmos, encontrareis
Nela os vossos tormentos e queirais assim
Exilá-los de vós, transformais-os nesta
Minha literatura, e livrais-os de vós
Ao deixá-los de heranças a mim.

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