Obtusamente de olhar oblíquo, pensamento obsoleto
Tenta sobreviver, mas é a semente que o semeador
Lançou nas pedras, nos espinheiros e nos áridos
Areais; regado por chuva ácida, tem a pele
Arrancada, a carne viva exposta, é escalpelado e o
Corpo arrebatado para alimentar a matilha; debate
Por modernidade, luta por evolução, e o conturbado
Espírito, a alma penada, o ser indignado, a sombra
Na treva, o ente acorrentado, não deixam o
Ressequido pensamento navegar em águas de
Serenidade; e afoga-se nas lágrimas sulfurosas;
Perde os músculos, os nervos, as fibras e os
Filamentos nos escuros escolhos dos recifes
Cortantes; e ao luar emanado da face da lua, o
Esqueleto de marfim, como se fosse escultura
Esculpida em mármore de linha nobre, surfa entre
Tubos e tubulações das ondas dos mares
Encapelados; rejeitado por todas as mentes, sem ser
Adotado por qualquer outro pensamento, é o filho
Bastardo, pródigo, o defeito que todos querem
Esconder; o aleijão que não há disfarce que encubra,
Como grave moléstia e monstruosa deformidade,
Abre cavidades no intuito dum dia encontrar
Abrigo; a caverna, a gruta, o útero de gestação; não
Há nada nele que se pode crer; não há letras,
Palavras, nem som; nem o mais cristalino espelho
O reflete; e o mais sensível equipamento capta
Alguma vibração deste bizarro pensamento
Embrenhado nos meandros da imaginação.
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