segunda-feira, 13 de maio de 2013

Acordei e agora não sei se foi do sono ou se foi do sonho; BH, 030202000; Publicado: BH, 0130502013.

Acordei e agora não sei se foi do sono ou se foi do sonho,
Se foi do pesadelo, ou se foi da morte, pois só sei que acordei
E nada mais sei; não sei se estou vivo e nem sei se estou morto,
Não sei se estou a dormir e nem sei se estou acordado e também
Não sei se estou a sonhar, ou a ter um pesadelo: não sei de nada;
Quem pode me afirmar cientificamente se estou levantado,
De pé, se estou vivo e consciente, a pensar e a agir: a viver?
Quem poderá afirmar que existo, que não sou do nada,
Não sou de nada e que tudo que faço e não faço? não
Nunca, não poderemos afirmar nada, pois nada sabemos,
Nunca saberemos e por mais que imaginemos saber,
Chegaremos à conclusão, que não sabemos de nada mesmo;
E estamos a dormir, ou mortos, não vivemos, temos pesadelos,
Irrealidade e ilusão, irracionalidade e incompreensão;
E por mais que queiramos esconder o nosso alimento,
É o medo que marcamos e não podemos administrar;
O nosso alimento é a covardia dos nossos atos, das nossas
Ações e do nosso comportamento, que temos que conformar;
E para que servem os livros que lemos? para que servem
As músicas que ouvimos? as matérias que estudamos?
Para que sevem os cinemas? os teatros? e as igrejas?
Para que servimos nós? se não renunciarmos a nós
Mesmos e nem abrirmos mãos dos nossos vícios, defeitos,
Falhas e preconceitos, para que servimos nós? para nada?
Somos bandos de retirantes perdidos nos desertos,
Bandos de flagelados, desabrigados, internados em
Hospícios, hospitais, pavilhões e campos de refugiados;
E a cada dia que passa, quem pode nos afirmar,
Que cada dia passa, ou se não é um único
Dia eternamente, como também uma única noite,
Eternamente e não uma noite que passa a cada
Noite que passa e não uma noite que não passa a cada
Noite que passa, quem é que pode nos afirmar?
O nosso grupo aumenta cada vez mais, tantas são
As vítimas das guerras, das injustiças, dos bombardeios,
Da fome, do desespero, da desgraça, da infelicidade;
E pergunto a mim mesmo aqui comigo:
O que sabemos nós de nós mesmo? das coisas? de tudo?
O que sabemos nós que poderá causar nossa felicidade?
O que sabemos nós que não seja intriga, imprudência,
Falta de educação, desamor, ódio, raiva, rancor?
E continuo a perguntar na minha indignação:
O que sabemos nós a não ser lucrar, enganar,
Mentir, blasfemar, matar, roubar, violentar?
É por isso que digo que não vivemos,
Não podemos levar em consideração a nossa condição,
Se nada poderá nos afirmar que é a nossa vida,
A vida que nós levamos; nada poderá nos afirmar
Que realmente vivemos, se se pode chamar o
Modo de comportamento que levamos, como se
Fosse a maneira correta de pronunciar: vivemos;
E se vivemos, então, não olhamos para os lados,
Não olhamos para os nossos semelhantes e
Não olhamos para lugar nenhum, nem para
Nós mesmos, pois o mais difícil, é olharmos para nós
Mesmos, porquanto para olharmos para nós
Mesmos, seria necessário olhar para o lado de
Dentro e não olhar para um espelho;
O espelho não reflete a nossa imagem, o que
O espelho reflete, é a imagem que os outros
Querem ver de nós, e não a imagem que nós
Gostaríamos que eles vissem, não nos seguimos;
E não me pertenço a mim, a não ser à mídia,
Ao consumo, ao marketing, à propaganda enganoso,
À mentira, à falta de liberdade, ao caos;
E não me pertenço a mim e a ser assim e
Não ajo de acordo que gostaria e não existo
De acordo que gostaria e tudo que 
Faço é de acordo com o que manda o figurino,
Que não seja o meu e nem projetado por mim;
E assim preciso duma confirmação
E preciso duma afirmação imediata,
Que acabe com esta dúvida e pare de me lançar
Contra os meandros das trevas e os horrores do terror;
Pare de me lançar contra a provação, contra a
Procura sem encontrar a definição satisfatória;
O problema é que não sei me expressar
Como gostaria para fazer todo mundo compreender
O que estou a sentir e o que estou a querer passar,
Aos outros em nome duma provação que
Não consigo atingir e foco a me cobrar;
Fico a exigir de mim as explicações que não
Consigo dar a ninguém e nem a mim mesmo;
Vou procurar por aí, um meio que não sei qual,
Que me diga se estou a dormir, ou se estou
Acordado, morto, ou vivo, se sou matéria,
Ou se sou energia, luz e pensamento, alma
E espírito, carne e osso, cinza e pó, ou outra
Coisa qualquer, que seja impossível definir;
Definição é o que não tenho e está longe,
Está distante encontrar a chave da razão,
A meta da filosofia, a pedra da metafísica,
Que me tire deste estado de depressão extrema;
Que me salve a pele dos dentes afiados
Das piranhas e dos tubarões e não me deixe
Morrer afogado nas minhas próprias lágrimas;
E quando for para acordar, que durma e
Quando for para dormir, que acorde e é só para dizer
Estou convencido de mim, estou autossuficiente,
Estou presente em mim e naquilo que faço;
Estou em mim e na minha família e
Nos meus amigos e chegados a mim
E comigo, até a hora da minha morte;
A morte onde não tenha mais os eterno pesadelos,
Que me deixavam destruídos: morto;
A morte onde só encontre aqueles que
Foram e me esperam para usufruirmos a eternidade,
Em graça e contentação, em alegria e contentamento;
Em fé e paixão, em luz e sem as trevas que
Acompanham-me em todo o tempo de vida;
Não aquela vida que não era, porém,
A vida que teria sido, se tivesse
Aprendido a viver, com inteligência e
Com sabedoria e com força, vontade e coragem;
Aqui para mim é só o que é para mim,
Não quero para as outras pessoas e não quero
Para ninguém; quero aqui para mim e
Só para mim e morrerei de vergonha, se
Um dia tiver de ser para outras pessoas;
E tenho fé em Deus, que nunca será para outrem,
Só para mim e eu mesmo.

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