quinta-feira, 9 de maio de 2013

Casimiro de Abreu, Brasilianas Cânticos, Bálsamo; BH, 090502013.

Eu via-a lacrimosa sobre as pedras
Rojar-se essa mulher que a dor ferira!
A morte lhe roubara dum só golpe
Marido e filho, encaneceu-lhe a fronte,
E deixou-a sozinha e desgrenhada
 - Estátua de aflição aos pés dum túmulo!

O esquálido coveiro p'ra dois corpos
Ergueu a mesma enxada, e nessa noite
A mesma cova os teve!

E a mãe chorava,
E mais alta que o choro erguia as vozes!
No entanto o sacerdote - fronte branca
Pelo gelo dos anos - a seu lado
Tentava consolá-la.

A mãe aflita,
As vozes não lhe ouvia; a dor suprema
Toldava-lhe a razão no duro transe.

"Oh padre! - disse a pobre s'estorcendo
"Co'a voz cortada dos soluços d'alma:
" - Onde o bálsamo, as falas d'esperanças,
"O alívio à minha dor?!"

Grave e solene
O padre não falou - mostrou-lhe o céu!

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