sábado, 26 de outubro de 2013

ANDRÉ DI BERNARDI, O AR NECESSÁRIO, 3 POEMAS :

Branco, Alto

Branco, alto,
Disfarçado de ondas,
Voltei da ilha como sou,
Respirando melhor,
Fútil de sal e sol.
Trouxe, voando,
Atrelados aos olhos,
Cheiros, alentos, alegrias,
E um jeito gostoso, melhor,
De ver as coisas,
Principalmente esse tanto de pássaros
Que ainda não sabem
Que são infinitos,
Que ainda não sabem
(Entre morros e montanhas)
De ver o vasto.
O ar necessário.

É o mar.
É sempre o imenso mar.

Meio pedra, quase água,
Disfarçado de mar,
Colorido de maresia,
Trouxe todas as pontas
- Inexistentes –
Da delicadeza.
Voltei alinhavando o seu nome
Naquele rumo de pássaros.
Que tudo pese, vivo de estar.
Dono de nada,
Deixei a minha rubrica
Num pedaço da areia.
Meio pedra, quase água,
Trouxe, estreladas, atreladas estrelas.

(2) Acender aos poucos.

Acender aos poucos
O dia, um dia, a gente.
Um pouco de sal
E sol
E basta
Para o corpo, para alma,
Para clarear o/em mar.
O ar necessário.

Transição:
De água em água
Para um naipe (crescente)
De vinho
E verso.

(3) Sim, aceito

Sim, aceito,
Todas as coisas que me guardam,
Sei de tudo que me sabe.
Colaboro no sentido oposto,
Até estender,
A ideia é regressar ao verso.

Súdito, rei indevido,
Não me aflige a certeza das pedras,
Já não exijo tudo que é azul.
Me serve a constância dos pássaros,
Das nuvens que me protegem
Daquele sol exposto,
Da lua sempre perto.

Estes impérios.

Existe, insiste, me sabe, me sobe
Uma pequena nascente de afetos.
Há males. Nosso rol de pontas e perdas,
Ao Deus dará.
Não é bom que se diga,
Nada que desande aquele raro fiapinho.

Sim, aceito: acordo
E mordo, a dentadas,
A doce manhã,
O acerbo sol.

Nenhum comentário:

Postar um comentário