quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Affonso Romano de Sant'Anna, Sísifo desce a montanha, MEUS TRÊS ENIGMAS.

Tenho pouco tempo,
Pra resolver três enigmas que me restam.
Os demais
Ou não os resolvi
Ou resolveram
Me abandonar
Exaustos de mim.

São de algum modo obedientes.
Só ganham vida
Se os convoco.
Isto me dá a estranha sensação
Que os controlo.
Complacentes
Me olham
Do canto de sua jaula.

Enigma que se preza
Não se entrega
Nem se apressa em estraçalhar
O outro com fúria.

No entardecer
Os três enigmas sobrantes
Me espreitam
Soberanos.

Às vezes, mesmo arredios
Aceitam meus afagos.
Na dúbia luz da madrugada
Parecem desvendáveis.

O dia revem.
Eles me olham (penalizados)
E começam
(De novo)
 - A me devorar.

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