sábado, 11 de janeiro de 2014

Muitas vezes ferido pelas cicatrizes das feridas; BH, 0260802011; Publicado: BH, 0110102014.

Muitas vezes ferido pelas cicatrizes das feridas,
Muitas vezes machucado pelas tatuagens na carne,
Aqui tens o meu prontuário, escrito na
Pele de papiro que traz as histórias
Nos pergaminhos, nos hematomas e nas
Marcas das pancadas e tintas pré-históricas,
Das paredes das cavernas; minhas fraturas
Expostas com todas as conjecturas a ser
Desvendadas no mistério de quem nasceu
Primeiro, a sabedoria, ou a filosofia?
Enquanto meus olhos fecham, indago
Aos mortos nos entulhos coloniais:
Quando virá a modernidade? e
Quando olharemos nos espelhos e
Nossas imagens continuarão estampadas
Lá? enquanto dormimos, velhos
Continentes mudam de lugar e
Águas bebem almas em profundezas azuis,
Caídas do fundo do céu; e mergulhamos
No espaço de voos de cruzeiros e nos
Encontramos em abissais crateras
Marítimas; muitas vezes sonhamos pesadelos
Dos quais não nos acordamos; e perdidos
Sondamos o infinito a procura de tudo que
Perdemos em vão; de tudo que não soubemos
Aproveitar as oportunidades e ao sumir do
Espelho a imagem que nos representa,
Choramos de dor; sentimos frio, fome
Sede, pedimos, imploramos agasalhos,
Satisfação, felicidade; o ar acabou,
Não respiramos mais, a luz desintegrou-se
E o que nos resta, é a escuridão,
Que paira sobre nós; e pesa toneladas
A esmagar nossas cabeças, como se
Fossemos serpentes pisadas por calejados
Calcanhares; e assim caminhamos,
Queremos chegar, bater à uma
Porta, estender uma mão e ouvir
O gemido dum coração.

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