domingo, 12 de janeiro de 2014

O Universo colocou-me aqui para observá-lo; Fênix, Contagem, 02801002011; Publicado: BH, 0120102014.

O Universo colocou-me aqui para observá-lo
E fazer de mim um observador do Universo
E procuro cumprir a minha tarefa com esmero;
Observo-o de todas as maneiras, e das que não
Posso observar, imagino-o; e imagino o Universo,
Desde o aquém, até o além e mesmo depois
Do além e bem antes do aquém; hoje, por exemplo,
Vi uma aranha preta numa parede e falei
Para ela: não te distraias, fiques alerta, ou
Um pássaro esperto te arrebata; mal acabei de
Falar e um bem-te-vi ligeiro, bicou-a
Num piscar de olhos; engoliu-a pousado num
Galho duma palmeira velha; e é assim que sigo
Esta minha vida de narrador das coisas que o
Universo faz; e são coisas vastas, infinitas,
Mas também são coisas simples e insignificantes
E todas com suas determinadas colocações;
No caso da história daquela aranha preta
Na parede, ela estava determinada a
Ficar ali, para servir de alimento a um
Bem-te-vi; fez parte do elo da cadeia
De forças que fazem o Universo girar; cumpriu
A sua função, bem como o bem-te-vi cumpriu
A dele e tento cumprir a minha,
Nestas mal escritas linhas; e fico a dever à
Aranha, ao bem-te-vi, ao Universo, por
Não ter a perfeição do escrever e não fazer
Um relato à altura do fato, de tão grande
Imensidão e de tão vasta dimensão; foi
Como se fosse uma galáxia a engolir
Outra galáxia; e buracos-negros a engolir
Sóis, ou átomos a serem partidos em aceleradores
De partículas, fusões nucleares; o Universo determina
A cada um o seu papel e o meu papel
É este: escolher letras pelo Universo a fora,
Juntar palavras em locais mais obscuros e
Formar frases casadas com sentenças; e
Faço este poema livre, mas com registro,
Com certidão de nascimento: o espírito
É o pai, a alma é a mãe; a poesia é a
Irmã que completa esta família universal.

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