domingo, 5 de janeiro de 2014

Valdimir Diniz, Meu coração.

Meu coração bate sempre disparado
Bate por dentro, por fora, por todo lado
De jeito que ninguém ouve, pois o rumor é interno
Tem um que lá do céu numa festa do inferno

Meu coração tem a voz dos desesperados
As sístoles e diástoles no ritmo dos fados
E se sente solto, mesmo batendo entre paredes
Ele conhece bem a prisão e o conforto das redes

Meu coração é seu, e é também por usucapião
Se eu não o entrego na palma da mão
É só porque devo tê-lo dentro do peito
Falando baixo ou gritando, chacoalhando de qualquer jeito

Meu coração é assim, um pouco cachorro
Mas tente ouvir o seu esporro
Tente encará-lo de frente, embuti-lo em seu corpo
Aí ele vai te fazer roncar como um porco

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