segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Alameda das Princesas, 756, 12; BH, 0150802012; Publicado: BH, 02401102014.

É mais fácil ganhar um salário mínimo por dia,
Do que compor uma obra-prima,
Um soneto que seja uma obra de arte,
Um poema clássico,
Ou uma poesia imortal,
Uma ode perpétua,
Uma elegia pétrea de teor eterno,
Um canto que entre para a eternidade;
É mais fácil e até bem mais cômodo,
Ganhar um salário mínimo por dia;
Qualquer um pode ganhar um salário mínimo por dia, ou dois,
E compor uma sinfonia de letras e palavras e sem som?
E escrever um concerto aos surdos e mudos e cegos?
E trazer às folhas de papel,
O que jamais o homem imaginou?
E registrar para os anais das antologias literárias,
O que nunca poderá ser sondado por aparelho algum?
E isso aí, anonimamente, nos silêncios
Das madrugadas, no olho do furacão,
Nos limites do universo,
Nas curvas do infinito;
E isso aí, no meio das procelas dos negros e
Tenebrosos mares,
E a nadar com uma única mão;
E o que é mais inusitado,
É que não quero ganhar um salário mínimo por dia;
Não escolhi o caminho mais fácil,
Procurei o submundo,
O fundo dos poços,
A argila sedimentada de geração em geração;
E duma forma ou doutra,
Levo ao meu coração sedento,
A luz das estrelas que não existem mais.

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