terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Alameda das Princesas, 756, 20; BH, 0170802012; Publicado: BH, 0201202014.

Um dia, com fé em Deus, desembarcarei
Maravilhado, na maravilhosa cidade
Do Rio de Janeiro; e estar no Rio
De Janeiro, é estar no paraíso, no
Céu, literalmente; perdi um irmão
Naquelas águas azuis, apaixonado,
Desceu as montanhas e foi morrer
Afogado naqueles oceanos sem fim;
Ai de mim, se pudesse morrer assim,
Em cada praia encantada, a
Buscar os braços das sereias morenas
Dos fundos dos mares; ai de mim,
Aprisionado aqui nestas cordilheiras
E o espírito, a alma, o fantasma do meu
Irmão a deleitarem-se com os infinitos,
As perpetuações, os firmamentos da
Cidade do Rio de Janeiro; atentas,
Montanhas, alertas, em alarmas,
De sentinelas e atalaias, vou colocá-las
Abaixo e trazer os mares do Rio de
Janeiro para cá, com suas mulatas,
Iemanjás morenas e garotas de Ipanema,
Suas Escolas de Samba, malandros e
Passistas; vou trazer para cá o Corcovado
Com o Cristo Redentor, a Baía da Guanabara
E o Pão de Açúcar e todas as praias com
Suas areias brancas; um dia, com fé em
Deus, mandarei soltar as correias que
Amarram-me ao tronco, tirarei as ceras
Que entopem-me os ouvidos e
Escutarei, apaixonadamente, o canto
Das sereias cariocas a chamarem-me:
É doce morrer no mar; e não pensarei
Em outra vida, a não ser aqui,
Entronizar, maravilhado, o meu reino.

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