terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Reatividade tremedal cerce; BH, 0160802013; Publicado BH, 02901202015.

Reatividade tremedal cerce
Insultante tremebundo com a possibilidade
De sonhar um sonho de verdade fora da
Realidade da utopia dentro da realidade
Da realidade o tempo urge a hora fatal
Está a nos abraçar em cada esquina
Todo dia é voo cego no escuro fora dos
Instrumentos é voo cego ao sabor
Do vento toda hora a ameaça é
Dum planeta à deriva é uma
Constelação mais poderosa a atrair
A outra é uma galáxia fora do eixo
É um novo caos a criar milhares de
Novos universos novos pesadelos a nos
Mostrar que não evoluímos não crescemos
No que de mais simples a nos lembrar
O quanto humanos que somos não
Tiramos os pés do chão pesamos toneladas
De chumbo não planamos não levitamos
No entanto menores do que ciscos de
Quintal queremos impressionar aos
Semelhantes com nossos pseudopoderes
Nossas mordomias de falsos ricos fieis enaltecedores
Das elites das mamatas que só
Envergonham causam ascos danos
Não há quem tenha um real interesse
Um ato digno um fato novo uma resposta
Revolucionária uma proposta de impacto
Nada além da frieza nada além da
Treva nem céu nem inferno nada
Além do azul do que pelo menos a mim
Faz-me chorar todo dia debaixo do firmamento

Não contento ninguém não agrado; BH, 0110802013; Publicado BH, 02901202015.

Não contento ninguém não agrado
Não faço feliz não puxo o saco sou todo
Ao contrário não alegro ninguém não
Amo não satisfaço pelo contrário sou
Todo ao contrário nada em mim é
Normal não canto hinos não oro não
Rezo não faço preces sou todo ao
Contrário de tudo que todo mundo é
Não vou à igreja não dou esmola não
Tenho fé sou todo diferente de tudo
De igual que todo mundo faz muito
Pelo contrário não faço nada certo
Nada sério tudo de errado não planto
Árvores não construo casas não crio
Família muito pelo contrário nem
Amigos tenho para ter amigos teria
Que ter dinheiro teria que ser rico
Muito bem resolvido ser do tipo que
Os amigos gostam reclamo de tudo
De todos falo mal até de quem não
Devo falar mal só quero saber muito
Mediocremente da vida doutros
Como se a minha vida fosse vida de
Gente não tenho amizade não sou
Fiel não sou leal quem confia
Acredita em mim o problema não é
Meu sem mais delongas lá vem
A aurora detrás do monte d'além
Mar a chegar devagar a quem
Interessar possa é isso que interessa o
Restante não vai adiante se vai adiante
Deixa pegadas no sentido contrário

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Mestre Saramago a maior alegria; BH, 0110802013; Publicado: BH, 02801202015.

Mestre Saramago a maior alegria
Da minha vida foi quando descobri
Por que a mulher riscava o chão
Com a vara apagava o risco aparecia
No mesmo lugar alto lá a maior alegria
Da minha vida será se continuares
A guardar o segredo para si mesmo
Mas precisava saber se estou certo
Mestre? nas minhas andanças pelo mundo
É a primeira vez que percebo que
Alguém realmente descobriu o segredo
Mas como o Mestre sabe se realmente
O descobri? descobriste pelo teu olhar
Sinto que descobriste se falares perderá
A graça mas é algo tão simples que
Penso que toda a gente deve ter enxergado
Nem todo mundo percebe as coisas
Simples poucos têm olhos para o
Que é simples me darás a tua
Palavra aqui perante a todo este
Público de que não revelarás o segredo?
Em nome da admiração que sinto
Pelo Mestre em nome da alegria que
É ler os teus livros em nome da
Felicidade que causa-me as tuas
Palavras não o revelarei nem Dan
Brown que gosta tanto de desvendar
Mistérios códigos símbolos teve a
Sutileza que tiveste muito obrigado
Mestre prometo que gozarei este
Prazer solitariamente muito mais
Grato fico em este meu discípulo

Meus fantasmas universais meus espíritos; BH, 0110802013; Publicado: BH, 02801202015.

Meus fantasmas universais meus espíritos
Celestiais minhas almas eternais também
Sou um pseudônimo de Fernando Pessoa
Sou um dos menores que Fernando criou
Inda na infância a brincar nos quintais das
Casas das tias a passear às beiras do Tejo
A correr pelas aldeias castelos medievais
Naus portos Portugal minhas odes imaginárias
Sou uma ode psicografada pelo vate hora
Sou um poema de Alberto Caeiro hora
Uma poesia de Ricardo Reis ou um soneto
De Álvaro de Campos um escrito de
Bernardo Soares minhas chuvas oblíquas
Meus rebanhos preferidos estou inserido
Neste rol de consentidos são tantos
Membros importantes elevados dessa
Confraria todos a agradar a musa poesia
Cada um quer uma obra-prima mais
Bela a consagrar cada um quer uma
Obra de arte mais genial a oferecer mas
O poeta é um fingidor a poesia o conhece
Muito bem mesmo quando o bardo tenta
Enganá-la ao usar um pseudônimo
Fica mais exigente alia-se ao poema ao
Soneto quer algo diferente não aceita
Mais o que é normal manda a cambada
A vasculhar constelações galáxias
Aglomerados  a procurar uma gala uma
Gaia que sejam a ciência do bem do
Mal onde ode a poesia quer reinar elegia ai 
Haikai daquele que falhar ai do profeta que
Não vaticinar pseudônimo ou não

domingo, 27 de dezembro de 2015

Solitário deixo todos os meus escritos; BH, 0110802013; Publicado BH, 02701202015.

Solitário deixo todos os meus escritos
Solitários na solidão nestes escritos
De solitário de preso na solitária deixo
Sangrar o meu coração abri a montanha
Lá depositei na lavra letra por letra
Lá guardei no veio palavra por palavra
Nem Maomé retirará a montanha do
Lugar para garimpar nas minas onde
Lancei estas escrituras profanas não
São textos sagrados não são pensamentos
Consagrados são reminarias de ermitão
Reminiscências de escritas de eremita
Não acredito que alguém entrará no
Seio da pirâmide violará o sarcófago
Para desvendar estas linhas enganosas
Não creio que um dia a luz incidirá
Nesta cova dentro deste sepulcro
Ressuscitará estes ossos fósseis há
Muita terra por cima desta solidão há
Muito chão debaixo destes pés
Quanto mais alta for a montanha
Mais ânimo o solitário tem a subir
A encontrar uma loca para mudar de
Pele a aquietar-se prende a respiração
Por longos períodos assossega as
Batidas do coração o sangue circula
Em marola lenta o corpo em repouso
Completo como se cadáver fosse
Lentamente o espírito fluiu ao
Universo num passeio onde enfim
A solidão é impossível

Breve é a vida o tempo é eterno; BH, 0110802013; Publicado: BH, 02701202015.

Breve é a vida o tempo é eterno
De vez em quando penso que há os
Que pensam que até o tempo é breve
Que a vida é que é eterna a vida é tão
Pequena tão pequena que para
Fazê-la crescer nem com milagres
Se consegue além do mais se
Perde muito tempo sem se viver
Com essa perda há uma ruptura
Um distanciamento uma atração
Ao contrário talvez uma repulsão
O que era para estar próximo se
Distancia mais como se tivesse livre
Da força de gravidade crescer fazer a
Vida crescer a vida ao crescer alongará
O tempo eterno crescer é o que é
Necessário à vida sem crescimento
É o mesmo que sem discernimento
Sem raciocínio sem pensamento sem
Razão sem noção sem percepção
Crescer não é a mesma coisa que
Sair do estado girino querer ser
Um touro não crescer em evidência
Consciência não se aprende assim
Não numa fábula numa crônica
Numa prosa crescer sem ser prosa
Na sombra no subterrâneo sem ser
Notado como são notadas a pequenez
A insignificância a ingratidão a
Ignorância crescer sem ansiedade
Sem angustia crescer fazer com que
Seja breve só o desprezo às coisas
Miúdas da vida

Fazeis-me sentir ódio raiva ira; BH, 0110802013; Publicado: BH, 02701202015.

Fazeis-me sentir ódio raiva ira
A sentir rancor fazeis questões em
Nadar nas demonstrações do nada
Desprezais ignorais indiferentes mas
O mundo dá muitas voltas o universo
Lava as mágoas de repente zás
Voltam em cheio às caras como
O cuspe jogado para cima podeis
Destruir um elo se houver uma raiz de
Amor um fruto uma fruta podeis até
Matar o pomar inteiro fazer queimada
Jogar as cinzas aos ventos raivosos
O amor é eterno permanecerá Fênix
Ressurgirá fazeis caso em não ter a
Alma grande teimais em permanecê-la
Encolhida anã anônima fora do eixo
Mas tudo vale a pena quando a alma
Agiganta-se não é pequena sabeis
Cada um planta o que quiser cada
Um escolhe o próprio caminho quem
Plantar bem colherá bem quem plantar
Mal foi mal lavrador não colherá o
Bom plantio há os que dizem que
Quem espalha ventos colhe tempestades
Bem comecei irado ao fim destas
Poucas linhas estou um pouco
Desafogado quero fazer crescer tudo
Em mim há algo que diminui-me
Deixa-me confuso a dar voltas ao
Redor da mesa a ir à sala a ir ao
Quintal o que quero falar não sai
Faço um volteio vão deixo mais leve
O meu coração

Bem que podia cair uma chuvinha; BH, 0110802013; Publicado BH, 02701202015.

Bem que podia cair uma chuvinha
Nada melhor do que ficar quietinho
Num cantinho a sentir o chiar da chuva
Miúda cair muita gente prefere
Outras coisas outros mundos ou
Universos há os que só querem uma
Chuvinha miúda para aconchegar-se
Mais ao coração há os que só querem
A quietude das tardes domingueiras
Agostinianas o mais é ambição ou
Vaidade ou busca duma satisfação que
Não satisfaz amanhã segunda-feira
Segundona brava começa a semana
A labuta aos que labutam a preguiça
Aos ociosos aos doentes os remédios
Que fingem curar aos famintos os
Alimentos que fingem matar a fome
No momento aos desassossegados o
Sossego esperado com os ruidinhos
Duma chuvinha miúda a cair quase
Imperceptível aos que dormem
Os sonhos não realizados pois
Sonhos realizados só aos que estão
Acordados aos vivos as propagandas
Enganosas pois amam ser enganados
Adoram os supérfluos os superficiais
Aos expectadores as personagens os
Protagonistas os animadores do fútil
Do lixo inútil aos que pensam que
Está tudo certo alguma coisa de
Errado aos que pensam que está
Tudo errado alguma coisa de certo a
Todos deixai-me aqui a sonhar
Com uma chuvinha miúda

Coça-me a cabeça de piolhos ou caspas ou lêndeas; BH, 0100802013; Publicado BH, 02701202015.

Coça-me a cabeça de piolhos ou caspas ou lêndeas
Pensamentos não coça-me a cabeça preocupações
O lugar mais incômodo do do mundo para uma
Preocupação se ocultar é dentro duma cabeça
Poderia fugir para qualquer outro lugar para o
Universo que é tão vasto mas não quando não
É na cabeça aninha-se no coração parece-me
Que o ser humano é o único animal que se
Preocupa se preocupa mais com a vida
Alheia do que com a própria quer saber de
Tudo do semelhante não quer saber de nada
De si mesmo pergunta por todos dos
Prédios das casas das ruas como um
Espião norte-americano da CIA ou do FBI
Espiona o ir vir a escutar o falar o escrever
O que o outro está a auscultar não ausculta
O coração o que mais forte que é o menos
Ouvido colamos os ouvidos às paredes
Atrás de intrigas conflitos nos escondemos
Atrás da porta ai flagrante à surpresa a
Qualquer inusitado que nos renda uma fofoca
Um fuxico do vizinho um mexerico sem
Importância ao sermos apanhados no
Desdito haja o contradito o não é nada
Disso que estás a pensar coça-se a
Cabeça de desconforto corremos às
Outras janelas indiscretas sentinelas

Às letras malfadadas antigas letras; BH, 080802013; Publicado: BH, 02701202015.

Às letras malfadadas antigas letras
Às letras que ninguém mais dá atenção
As comemos mais do que churrasco
Feijão com arroz pão as bebemos
Mais do que cerveja cachaça
Conhaque café chimarrão mutilamos as
Palavras as palavras saem das nossas
Bocas mordidas a faltar pedaços
Mastigadas ao vomitarmos as
Letras que bebemos as letras que
Comemos os nacos de palavras
Cruas os bocados de expressões que
Engolimos para um prato de papel
Sofremos a maior dificuldade da
Existência vomitamos um vômito
Que nos faz mal no prato em que
Comemos nada conseguimos
Apurar vem tudo misturado com bílis
Com suco gástrico dejeto estomacal
Não temos a coragem de meter
A mão na sujeira emendar
As letras fazer remendo nas
Palavras salvar alguma coisa da
Nossa lavra interior formalizar
Um pensamento concluir um raciocínio
Manter um diálogo um discernimento
Uma percepção uma razão ou um
Fruto da nossa intuição crônica
A prosa o texto que sonhávamos viram
Pesadelos inda saímos a mostrar
Aqueles desmazelos para o desprezo
Dos que não nos amam que não amamos

Ainda não descobri a roda; BH, 050802013; Publicado: BH, 02701202015.

Ainda não descobri a roda
Se a tivesse descoberto talvez não seria
A descoberta contundente que um
Inventor alega ao descobrir algo
A pior das emendas inda não
Descobri o eixo para que serve o
Eixo há quem entra no núcleo
Celular à base duma organização
Põe abaixo a mais sólida estrutura
Há quem ergue quem derruba quem
Constrói quem destrói de gatinhas
Com gestos ridículos de gaudério
Engatinho nas minhas ações não movo
Uma pedra certa do lugar da última
Vez que movi uma pedra pus abaixo
Toda a pedreira paralisei-me desde
Então como um paralítico de tão
Envelhecido que fiquei taxavam-me
Como se fosse do período neolítico
Não há como fingir-me de moderno
De atual de evoluído chamo a atenção
Pela deslocação por estar tão fora do tempo
Que oculto sou notado ausente sou percebido
Neutro não saio incólume como se
Estivesse impregnado duma fragrância
Que identifica-me de longe não
Uso perfume de forma alguma não
Uso desodorante não creio que o
Odor seja por faltas para evitar estas
Digressões não sairei mais do casulo
Não serei mais afronta deixarei
Tudo guardado do lado de dentro

Victor Hugo, Desejo.


Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim
Mas se for, saiba ser sem se desesperar
Desejo também que tenha amigos
Que mesmo maus e inconseqüentes
Sejam corajosos e fiéis
E que pelo menos em um deles
Você possa confiar sem duvidar
E porque a vida é assim
Desejo ainda que você tenha inimigos
Nem muitos, nem poucos
Mas na medida exata para que
Algumas vezes você se interpele
A respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles
Haja pelo menos um que seja justo
Desejo depois, que você seja útil


Mas não insubstituível
E que nos maus momentos
Quando não restar mais nada
Essa utilidade seja suficiente
Para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante
Não com os que erram pouco
Porque isso é fácil
Mas com os que erram muito e irremediavelmente
E que fazendo bom uso dessa tolerância
Você sirva de exemplo aos outros
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais
E que sendo maduro
Não insista em rejuvenescer
E que sendo velho
Não se dedique ao desespero
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor
Desejo, por sinal, que você seja triste
Não o ano todo, mas apenas um dia
Mas que nesse dia
Descubra que o riso diário é bom
O riso habitual é insosso
E o riso constante é insano.
Desejo que você descubra
Com o máximo de urgência
Acima e a respeito de tudo
Que existem oprimidos, injustiçados e infelizes
E que estão bem à sua volta
Desejo ainda
Que você afague um gato, alimente um cuco
E ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque assim, você se sentirá bem por nada
Desejo também
Que você plante uma semente, por menor que seja
E acompanhe o seu crescimento
Para que você saiba
De quantas muitas vidas é feita uma árvore
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro
Porque é preciso ser prático
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele na sua frente e diga:
“Isso é meu”
Só para que fique bem claro
Quem é o dono de quem
Desejo também
Que nenhum de seus afetos morra
Por eles e por você
Mas que se morrer
Você possa chorar sem se lamentar
E sofrer sem se culpar
Desejo por fim
Que você sendo homem, tenha uma boa mulher
E que sendo mulher, tenha um bom homem
Que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes
E quando estiverem exaustos e sorridentes
Ainda haja amor pra recomeçar
E se tudo isso acontecer
Não tenho mais nada a lhe desejar

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Daqui do murundu não se ver; BH, 050802013: Publicado: BH, 02501202015.

Daqui do murundu não se ver
A sorte doutro lado da fronteira
Há o muro depois a muralha
Além a cordilheira o mar
Daqui do topo a vista prolonga-se
Perde-se até a noção as coisas
Confundem-se como algo que
Queremos dizer embaralhamos
O calor faz vibrar a paisagem
Os morros são de gelatina os
Aventureiros César Alexandre
Faziam a sorte venciam o azar
Os acomodados esperam que o
Universo faça a sorte para eles
Querem que o rio seja raso que as
Águas sejam tranquilas que os
Mares não sejam bravios os ventos
Não sejam fortes os sedentários não
Querem mudar o mundo para não
Ter que sair do lugar detestam
Revoluções rotações translações
Aliam-se alienados à força da
Gravidade não levitam
Chumbam-se ao chão enraízam-se
Nas rochas teimam que nada
Muda enquanto tudo se movimenta
Dum lado para outro na verdade
Das verdades nada é a mesma coisa
Igual normal mesmo que teimemos
Não nos mover um segundo adiante
Quem nos garante que somos os
Mesmos quem nos confirma

Ficarei horas aqui com esta vara; BH, 020802013; Publicado: BH, 02501202015.

Ficarei horas aqui com esta vara
De pescar na mão não pescarei
Nenhum lambari quanto mais um
Tubarão do tubarão sou a isca
Sou a caça a comida houve
Quem teve sonho maior do que
O meu houve obstinado que
Perseguiu baleias cachalotes orcas
Foi derrotado perdeu barco
Tripulação armamento vida tento
Pescar um peixinho o mais
Insignificante que seja nem
Precisa ser dourado nem precisa
Ser colorido só um peixinho de
Beira de Rio Santo Antônio ou
De beira de Rio Todos os Santos
Mas preciso de pelo menos um
Peixinho não é possível que terei
Que passar o resto da vida aqui
Sem pescar nada não quero
Acreditar que voltarei para casa
Com o meu aquário vazio se
Pelo menos encontrasse Jesus
Pelos meus caminhos como
Alguns pescadores encontraram
Lançaram as redes ao mar veio
Tanto peixe que quase rompia-se a
Rede ou afundava-se o barco
Jesus ia pegar um peixinho para
Mim não deixaria o meu aquário
Vazio assim meu anzol sem utilidade
Minha vara à toa bem que Jesus
Poderia encontrar-se comigo
Jesus é um bom pescador
Conhece a manha das águas
Sabe até andar por cima delas

Meu tempo de ociosidade é imenso; BH, 01º0802013; Publicado: BH, 02501202015.

Meu tempo de ociosidade é imenso
Meu tempo é um poema infinito minha
Vida é uma poesia eterna tento fazer
Poesias poemas do tamanho do meu
Tempo é a justificativa que encontro
Quando reclamam do tamanho dos
Escritos que deixo se fosse um ser
Ocupado que trabalhasse que fosse
Obrigado a ser responsável a pensar
Logicamente não teria tempo nem
Para descansar preguiçoso inimigo
Do trabalho sedentário o que de
Menos pensativo que encontro que
Não estressa não enerva é o de
Encher linhas de papel com letras
Palavras retiradas de lavras abandonadas
Que não dão mais trabalho garimpo
Mineração aí o entulho gerado tende
Acumular-se lixos para todo lugar
Poeiras ciscos cinzas ao redor vira
Um sítio paleontológico um depósito
Arqueológico com restos de osso
Velhos por todos os lados a preguiça
Não deixa-me arrumar nada jogar fora
O que não presta espanar a poeira
Varrer a sujeira mesmo para debaixo
Do tapete fico até com vergonha
Quando recebo uma visita que quer
Até ler algo mas quando ver o tamanho
Desiste na primeira linha leva a
Mal não deixa para outra hora faz
Um assim mais jeitosinho passa
Para mim que depois leio

Reparai que a cada dia que passa; BH, 01º0802013; Publicado: BH, 02501202015.

Reparai que a cada dia que passa
Fica mais impossível viver
Quando vem a noite os sonhos
Não a acompanham mais vêm
A insônia os pesadelos reparai
Que poucos nos alegramos todas
As tragédias desgraças desastres
Compartilham o nosso tempo não
Há mais cultura que nos seja
Agradável não há mais sabedoria
Com quem possamos dividir a
Inteligência foi expulsa do nosso
Convívio temos por companhia a
Violência desenfreada a leitura da
Onda de crimes roubos assaltos
Os vídeos das execuções dos
Arrastões dos sequestros o
Pânico é pregado livremente
Para beneficiar os grupos que
Nos controlam nos exploram
Sobrevivem do nosso pânico
Continuaremos atados às embiras
Presos aos elos algemados
Acorrentados continuaremos
Com a pseudo liberdade a falsa
Democracia com a certeza de
Que só quem detém o poder é
O que pode alguma coisa o povo
Não passa do detalhe de
Sustentação de massa de manobra
De ser cada vez mais chamado
A sustentar o estado a burguesia
A elite enganado iludido
Volta à casa todo dia no peito
A angústia na face a agonia

Nunca contei uma história quem; BH, 01º0802013; Publicado: BH, 02501202015.

Nunca contei uma história quem
Contavam histórias eram as minhas
Avós meus avôs mais certamente
Minha avó Felismina meu avô Donato
Nunca rezei uma reza rezadeiras
Também eram minhas avós sabiam
Rezas para todos os males davam
Certo não era igual hoje com
Gritarias gesticulações imprecações
Minha avó rezava com um balbucio
Não entendia nada benzia-me
Com um sussurro que parecia um
Chiado um zumbido soturno dava
Certo hoje é uma loucura só com
Muito pragmatismo evangelhos de
Resultados que não dão resultados
Entre os tempos de hoje os tempos
Das minhas avós dos meus avôs da
Minha mãe desprezo os de hoje
Fico com os doutroras não esqueço
As carpideiras benzedeiras com as
Suas preces milagrosas seus terços
Credos pais-nossos ave-marias
Os pozinhos as raízes as folhas
Os matos os galhos os ramos as
Arrudas as garrafadas os remédios
Caseiros para queimaduras as
Crianças que não têm avós tias
Nas vidas delas não têm infância
Mas só servem se forem avós avôs
Tios tias dos meus tempos de
Infância das antigas que sabiam
Cantigas cantos histórias casos
Causos que não acabavam mais
Fora as travessuras que me
Ensinavam coisas doutro mundo

Filme queimado por isso nunca; BH, 0300702013; Publicado: BH, 02501202015.

Filme queimado por isto nunca
Revelado fotografia que foi velada
Que não será objeto de exposição
Artística o que o mundo bebe é obra
De arte o que a civilização come é
Obra-prima são as que mantêm à
Tona as revelações das premonições são
As que sopram as profecias nos ventos
Os sacerdotes falam que são as nuvens
Que tudo sabem ficam em silêncio
Só fazem barulho quando o firmamento
Quer nos mandar as suas normas
Os raios voltam às terras com os códigos
Das informações os relâmpagos riscam
Os garranchos que se espalham
Quando são encontrados novas leis
Nos são citadas os trovões que ecoam
Sons milenares com suas linguagens
Estelares são outros idiomas universais
Que poucos decifram o que querem dizer
Da mesma maneira que as pedras das
Montanhas suspensas podem cair
Rochas das cordilheiras rochosas firmes
Aqui a qualquer momento também podem
Subir há cometas que para escrever uma
Única linha levam centenas de anos
Quero transcrever essas linhas siderais
Para formarem minhas poesias imortais
É mais fácil fazer um universo em sete
Dias do que um poema soneto em
Quatorze linhas vou sair por aí vou
Desistir de fazer poemas fazer
Universos o que dá menos problemas

Decidi não escrever mais sem telepatia; BH, 0300702013; Publicado: BH, 02501202015,

Decidi não escrever mais sem telepatia
Aviso à praça que parei com a psicografia
A partir deste momento sublime a
Telepatia será o meu novo meio de
Comunicação meus pensamentos não podem
Ficar habitados eternamente dentro
Da mente presos no cérebro encavernados
Nas paredes pré-históricas do crânio cânion
De cro magnon meus pensamentos necessitam
Doutras cabeças doutros cérebros doutras mentes
Brilhantes os universos só são formados por
Mentes brilhantes meus obscuros taciturnos
Obtusos obsoletos se desfazem logo que
Transpõem as barreiras das paralelas os
Pensamentos retrógrados ecoam todos
Pela terra para estercos adubos vegetais
Decidi que a partir daqui não vou
Mais escrever de olhos abertos cego não
Precisa abrir os olhos a luz do cego
É a telepatia que agora uso para por
Fim à agonia decidi ceifar a estupidez
A ignorância que agigantam-se
Desintegram-me do convencional do
Normal gero o anormal rompo com o
Oficial ultrapasso o cordão de isolamento
Especial cruzo a encruzilhada ponho
Abaixo o sistema do establishment crio
Desordem na ordem unida não obedeço
Mais as leis da moral dos bons costumes
Não abro mais a boca para a pronúncia
De palavras matei as palavras as letras
Agora escrevo com o que penso quem
Precisar entender os reflexos telepáticos
Mentais se revelará numa revelação profética

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Genial é o Sistema Solar já parastes para; BH, 0300702013; Publicado: BH, 02301202015.

Genial é o Sistema Solar já parastes para
Pensardes a respeito dessa criação de gênio?
Sábia é a força da Gravidade é sabedoria
Pura aplicada cotidianamente sem falha
De suma importância que talvez poucos
Parastes para pensardes nela como é que
Pode dum caos nascer harmonia tão
Inteligente como essa que move o
Universo? é algo muito impressionante
Nossa imaginação não passa por perto
Nossa criatividade não existe nossa
Inspiração não tem noção do éter que
Envolve-nos é uma reunião do que
Mais moderno hodierno evoluído há
Desde bilhões de anos-luz daqui a
Mais alguns bilhões de anos-luz muita
Coisa restará inda a ser desvendada
Devido aos mistérios segredos que
Mente humana nenhuma é capaz de
Imaginar pensar sondar sonhar
Conceber essa grandiosidade infinita
Essa genialidade a percepção humana
Não assimilará nunca nosso cérebro
É muito pequeno para tanta informação
Precisaríamos de toda uma eternidade
Para começarmos a entender se
Vivêssemos a posteridade não
Entenderíamos o suficiente este
Genial Sistema Solar não passa dum
Minúsculo ponto em toda a dimensão
Dessa dimensão ou vice-versa são
Essas as glórias que pretendo um dia
Conquistar quando aprender a pensar

Não temos a capacidade de saber o que vai; BH, 0290702013; Publicado: BH, 02301202015.

Não temos a capacidade de saber o que vai
Acontecer a um segundo à nossa frente a
Necessidade deveria fazer com que
Adquiríssemos uma percepção uma
Sabedoria ou uma visão especial
Quantas pessoas vão alegres pela vida a
Cantar a conversar a sorrir sem
Ter nem a ideia de que no próximo
Segundo estarão mortas esmagadas
Torradas assassinadas que falta que nos
Faz uma prenunciação uma reminiscência
Que nos fizessem frear na hora certa
Desviar do perigo evitar o caminho
Traiçoeiro driblar a morte apesar de
Tudo inda somos estúpidos fazemos
Questões de aumentar a nossa estupidez
Somos ignorantes fazemos questões de
Aumentar a nossa ignorância aí
O que nos resta é chorar aos nossos feridos
Aos nossos mortos todo cuidado é pouco
Mas quem pensa em cuidados? quem quer
Estar alerta na defensiva a pisar em ovos?
O que queremos é o desespero é o risco
Próprio o alheio a falta de cuidados de
Considerações o que queremos é a
Imprudência a imoderação o desrespeito
A tudo a falta de atenção as coisas
Tão próximas os acontecimentos iminentes
Urgentes não temos nenhum pingo de
Imaginação nenhuma criatividade para
Evitarmos as tragédias as tragédias ali debaixo
Dos nossos narizes diante dos nossos olhos

domingo, 20 de dezembro de 2015

Estou muito triste ninguém levou-me; BH, 0290702013; Publicado: BH, 02001202015.

Estou muito triste ninguém levou-me
Em consideração o mundo parece-me
Que é assim ninguém leva nada em
Consideração é muito triste o estado
A sociedade é triste o sistema é mais
Triste ainda tudo isso faz com que o
Povo fique triste como homem do
Povo estou triste por mim pelo povo
Meus amigos morreram quase todos
Meus irmãos não fazem questão de
Ser meus amigos suportamos um
Amigo não suportamos um irmão não
Tenho mais com quem beber uma
Cerveja gelada não há o que possa
Ser melhor do que se beber uma cerveja
Gelada é por isso que estou triste faz
Muito tempo que não encho a cara
Está explicado aqui complicado
A esbravejar a xingar a odiar a
Blasfemar tudo que preciso é
Duma cerveja bem gelada vou
Passar a amar a todos sem ódios
Sem xingamentos sem brigas sem
Raivas gentes como os problemas
Da vida podem ser resolvidos tão
Facilmente? uma cerveja gelada na
Nossa frente primavera eterna
Nada de primavera árabe nada de
Homens-bombas ou drones ou guerras
Civis ou revoluções ou golpes de estado
Manifestações ou vandalismos é só uma
Cerveja bem gelada a vida vira um
Disco dum bom velho rock n' roll

Não importa já estou condenado; BH, 0290702013; Publicado: BH, 02001202015.

Não importa já estou condenado
Culpado réu confesso estou condenado
Não quero defesa não quero justiça
Não quero tribunal juiz desembargador
Defensor promotor nada disso quero
Renegado estou condenado quero
Cumprir a pena nem habeas corpus
Alvará de soltura ou outro benefício
Que a lei possa garantir-me sou um
Fora da lei detesto lei não quero o
Indúbio pro réu o contraditório a
Ampla defesa não quero o direito
Sou um preso de penitenciária sou um
Presidiário não quero visitas nenhum
Contato com o mundo lá fora com o
Estado com o sistema a sociedade não
Faço questão de nenhuma assistência
Só a solidão de solitário na solitária
Sem banho de sol incomunicável
Sem visita íntima quando houver
Rebelião que seja feito refém
Que não haja acordo nas negociações
Que o refém seja executado não
Quero coisas belas o belo o certo
Quero o torto o duvidoso o indeciso
É não quero o sadio quero o sádico
O terror os versos sangrentos os
Versículos profanos não sou
Consagrado não sou batizado fui
Excomungado pelo papa mas não
Importa nada me importa minha
Alma é torta nada dá jeito nela
Neste espírito enviesado

Odeio explicitamente odeio não há; BH, 0290702013; Publicado: BH, 02001202015.

Odeio explicitamente odeio não há
Como negar mas o que move-me é o
Ódio odeio desde da hora em que acordo
Até o momento em que vou dormir só
Odeio não suporto fazer outra coisa
Não odiar é morrer odeio tudo
Que se move na face da Terra
O que não se move odeio aonde
Meus pés pisam o que meu estômago
Acolhe que raiva que me dá
Este ódio é uma vontade de xingar
Brigar matar cometer atos terroristas
Explodir bombas arrancar os olhos
Abrir o ventre personificar o mal
Não suporto o mercado a mídia os
Bancos as igrejas as escolas os hospitais
Os cemitérios não suporto os cursos as
Universidades as repartições públicas as
Polícias os políticos os tribunais as
Assembleias a câmara o senado odeio
Os palácios as mansões a burguesia a
Elite arrumeis mais alguma coisa
Aí que vos direi que odeio tenho raiva
Cólera ira odeio a sociedade odeio
O consumo a moda as artes todas
As artes a saúde a educação a
Cultura quem me dera uma montanha
Um monte um cimo bem elevado
Um lugar mais distante para romper
Estes nervos estas cartilagens quebrar
Estes ossos arrancar estas raízes com o
Contato que me causa este ódio óbvio