segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Rezei a noite inteira as rezas conhecidas; BH, 01101202012; Publicado: BH, 020202015.

Rezei a noite inteira as rezas conhecidas
E as desconhecidas; orei até alta madrugada as
Minhas orações improvisadas e as decoradas;
Apelei a Deus e às almas, aos santos e santas
E às Ave-Marias e Nossas Senhoras; e o
Medo da morte não parou e a sua aproximação
Acovarda-me; quando bebo umas e outras,
Dou uma de herói, fico valente e não tenho
Medo de nada; mas ao passar o fogo, ao
Passar o pileque, com a cara amarrotada pela
Ressaca, não adianta, voltam a tremedeira e
A fobia de ser enterrado vivo; desde criança
Carrego esta fobia comigo, e quanto mais
Adulto penso que chego ser, mais criança
Fico; chorar, choro à toa, à toa, normalmente,
Fazer pirraça, embirrar é comigo mesmo,
Diante das aberrações do estado e do
Desequilíbrio da sociedade; e pessimista,
Não tenho esperança de melhora, nem agora,
E nem depois; e a cura, após noites e
Madrugadas em vigília, também não tenho
Esperança de curar; não me vejo sarado
E em sanidade, mas para que boa saúde? para
Usar em quê? para que consciência, lucidez?
O mais importante é não nascer bem, mas
Morrer bem, e saber morrer bem; e quem
Tem medo, e é covarde, não deve ter
Nascido bem, e jamais morrerá bem; e hajam
Noites e madrugadas para tantas rezas e orações.

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