domingo, 17 de maio de 2015

Monte Simplon, 550, 13; BH, 0160502012; Publicado: BH, 0170502015.

Tenho que isolar-me, ficar à parte
Das coisas boas, ser retirado do
Meio do trigo, como um joio; e
Não sou um Rubem Fonseca,
Mas preciso afastar-me, eremita
E sair do meio da sociedade; e
Tenho que ilhar-me, elefante
Solitário à procura de cemitério
Para repousar, para morrer em
Paz; e quero ficar à margem dos
Fatos, sozinho, a sós comigo e
Os esqueletos ancestrais
Fossilizados, que trago dentro do
Guarda-roupas sujas do meu
Peito; aos subterrâneos já, aos
Recantos, aos regatos, aos
Riachos, aos lençóis freáticos; e
Virarei semente de novo, raiz,
Nascente e manancial; estarei no
Alto dos montes, onde só os
Ventos vão; e não causarei
Nenhum dano às dunas, às
Geleiras, às camadas que
Envolvem o planeta; e nem as
Poeiras que pisarei, as pedras que
Sustentarei, ou repousarei a cabeça
Se lembrarão de mim; nem vestígio
Meu ficará para moldura de obra
Primata pendurada em paredes de
Museus de malasartes anônimas.

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