segunda-feira, 11 de maio de 2015

Patagônia, 1155, 11; BH, 0250402012; Publicado: BH, 0110502015.

O que tem que ser feito, não tem jeito,
Não faço e o que não tem que ser feito,
Não tem jeito, faço; e se é para fazer certo,
Faço errado e o que todos fazem de errado,
Faço muito mais errado ainda; se têm
Mesuras, sou desmesurado, se são moderados,
Sou desmoderado radical, xiita, fundamentalista,
Ortodoxo; estava tão bem, no útero de minha
Mãe, não tinha que fazer nada, nem
Ser nada e nem ter nada; porque que não
Fiquei lá em gestação eternamente?
Agora tenho que carregar o remorso,
O arrependimento de ter nascido e a
Mãe o de ser mãe; tremi por ser
Filho e tremo por ser pai, quem só quer
Ganhar, um dia, mais cedo, ou mais tarde,
Tem que aprender a perder; e se tive a
Vida toda, para aprender com as putas
Da vida, com os homens da pré-história,
Com os bardos Nelson Cavaquinho e Nelson
Sargento, ou os outros poetas da Portela
E não aprendi, não será agora,
Depois que morri, que aprenderei
Alguma coisa, pelo menos a sorrir:
O sol há de nascer mais uma vez,
A luz há de brilhar nos corações,
Do mal será queimada a semente,
O amor será eterno novamente;
Quem dorme com barulho 
Duns versos destes na cabeça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário