terça-feira, 10 de novembro de 2015

MIKIO, 3; BH, 01º0202013; Publicado: BH, 01001102015.

Perdi a lucidez ao nascer quando
Estava no útero era lúcido pois
Compartilhava do sensorial de
Minha mãe ao nascer não ganhei
A luz perdi a luz ao nascer desprendido
Do cordão umbilical que unia-me à
Minha fonte de luz perdi a vida ao
Nascer na placenta nadava livre aqui
Aprisionam-me à sociedade ao estado
Às correntes aqui escravizam-me à
Política irracional ao capitalismo salvagem
Ao neoliberalismo predatório à
Globalização sufocante aqui cativam-me
Com números documentos obrigações
Deveres cobram de mim sentidos
Direções sentimentos tudo que
Ficou guardado no ventre materno
Assediam-me com propagandas
Inescrupulosas dum consumo inútil
Sem ter para aonde fugir enlouqueço-me
Deixei todas as referências no meu
Berço vim para cá sem nada
Querem tudo de mim que não posso
Dar jeito em coisa alguma para
Escrever uma lacuna é uma tortura
Que causa mais dor do que um tempo
No pau de arara mamãe não
Quero mais nascer não mamãe nunca
Tenho medo prefiro ficar aqui no
Quarto escuro dentro de ti aqui é
Mais seguro tenho mais proteção
Lá fora espera-me um mundo cão deixa-me
Ficar aqui não quero aquela luz falsa
Não quero aquela vida bom é aqui

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