quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Várias vezes pego a caneta ou melhor; BH, 0180702013; Publicado: BH, 02601102015.

Várias vezes pego a caneta ou melhor
A esferográfica várias vezes volto
A deitá-la sobre a face do papel
A vida está sem assunto o tempo
Está sem hora estou sem vida
Passeio pelos meus recantos visito
Meus espíritos consulto meus eus
Em tudo que sondo não encontro
Nada minhas almas são todas
Almas velhas de ossos encardidos
Meus fantasmas não assustam mais
Minhas assombrações já não
Metem medo as palavras que
Perscruto para formar um argumento
São imaginárias os pensamentos
Que quero transformar em palavras
Já nascem como se não viessem
Do além das dimensões
Queria que viessem de lá
Da casa das sensações quedo-me
Abstrato absorto meus sentidos não
Percebem pulsações o sangue parou
Em minhas veias o ar concentrou-se
Em meus pulmões estátua fui
Observado por todos no centro da
Praça que rústico não era a
Navona que traste não
Era uma obra de Michelangelo
O teto que cobria-me não era o
Da capela Sistina um molde de
Cera de vela de velório que
Ao primeiro calor das chamas
Passou a derreter-se

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