sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Nunca contei uma história quem; BH, 01º0802013; Publicado: BH, 02501202015.

Nunca contei uma história quem
Contavam histórias eram as minhas
Avós meus avôs mais certamente
Minha avó Felismina meu avô Donato
Nunca rezei uma reza rezadeiras
Também eram minhas avós sabiam
Rezas para todos os males davam
Certo não era igual hoje com
Gritarias gesticulações imprecações
Minha avó rezava com um balbucio
Não entendia nada benzia-me
Com um sussurro que parecia um
Chiado um zumbido soturno dava
Certo hoje é uma loucura só com
Muito pragmatismo evangelhos de
Resultados que não dão resultados
Entre os tempos de hoje os tempos
Das minhas avós dos meus avôs da
Minha mãe desprezo os de hoje
Fico com os doutroras não esqueço
As carpideiras benzedeiras com as
Suas preces milagrosas seus terços
Credos pais-nossos ave-marias
Os pozinhos as raízes as folhas
Os matos os galhos os ramos as
Arrudas as garrafadas os remédios
Caseiros para queimaduras as
Crianças que não têm avós tias
Nas vidas delas não têm infância
Mas só servem se forem avós avôs
Tios tias dos meus tempos de
Infância das antigas que sabiam
Cantigas cantos histórias casos
Causos que não acabavam mais
Fora as travessuras que me
Ensinavam coisas doutro mundo

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