Amanhã quero uma poesia e se ontem
A poesia não me quis e hoje a poesia
Não me quer, mal me quer e bem não
Me quer, amanhã quero uma poesia; a
Musa nunca me deixa realizar meu sonho
E por pesadelo, só me manda um poema,
Que é um desmazelo; se fosse vontade
Dela, até hoje seria aquela estrela
Apagada ali no firmamento; até hoje
Seria incompleto, uma sinfonia inacabada,
Um concerto ao piano que nunca seria
Executado; e a musa, da mesma maneira
Que é cruel comigo, foi cruel com
Beethoven e só o deixou criar a sua
Obra-prima, quando estava inteiramente
Surdo: castigo maior não há; e penso que,
Talvez a crueldade não tenha frustrado o
Beethoven e que toda noite ele sonhava
Que ouvia, que não era surdo e que podia
Escutar muito bem o que compunha; só
Ficava triste quando tinha que acordar,
Mas ficava louco para dormir e poder
Sonhar de novo, ou sonhava que estava
Acordado mesmo; mas era o Beethoven,
Alemão, europeu, duma raça privilegiada
De cérebros superiores, de mentes
Brilhantes, de pensadores e de pensamentos
Livres; poetas consagrados, de lirismos
Clássicos, eruditos que, a musa nunca
Deixou morrer à míngua.
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