sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Coveiro desenterra-me a onda agora é; BH, 0310802013; Publicado: BH, 01º0102016.

Coveiro desenterra-me a onda agora é
De mortos-vivos a moda agora é de
Zumbis mas não posso desenterrá-lo
És um morto-morto nem assombração
Nem fantasma nem alma nem espírito
Coveiro pegas logo essa pá começas a
Cavar quero dar um passeio ao ar livre
Beber um copo de sangue fresco de
Virgem refrescar a minha boca com
Saliva matinal de menina moça aquietas-te
Aí sobrenatural nem carnes tens mais só
Restos de ossos limados desconjuntados
Que se recompor a ossada o esqueleto
Ficará desfigurado a caveira deformada
Seu coveiro quando vieres para cá sou o
Que serei o teu coveiro vais sofrer nos
Meus ossos não te darei sossego
Chacoalharei todas as noites para não
Deixar-te dormir em paz engraçado
Quando eras vivo não falavas tanto
Assim agora que estás debaixo de
Sete palmos tornas-te um tagarela inda
A prometeres vingança poderias pelo
Menos perder essa sanção de humano
Mas quero voltar quero entrar na onda
Quero entrar na moda a rondar pela
Cidade sem causar impressão sem
Descobrirem que sou um morto de verdade

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