sábado, 16 de janeiro de 2016

DAMARES MEDINA: Sobre nome, identidade e feminismo:



Sobre nome, identidade e feminismo:
Temos assistido a um levante que procura resgatar o papel da mulher na sociedade atual. Uma redefinição ou explicitação do que seria feminismo e uma conclamação a nos unirmos, a nós, mulheres, nos unirmos.
Confesso que sempre achei que o engajamento nessa temática atrairia para mim rótulos sectários e, em compensação, convivi, como todas nós convivemos, com a dura realidade de ser pelo menos 2x mais competente do que qq colega homem, para ter ao menos as mesmas oportunidades.
Ao parir uma filha mulher (sim, eu digo parir porque o nascimento de um ser humano é algo mais dramático e potente que o romantizado dar a luz... o que vc fez nos últimos 4 anos? Escreveu alguns livros? Concluiu o doutorado?... ok, eu fiz um ser humano! Sim! Eu fabrico humanos, concebo, gesto e após o parto... a humanidade tem sua chance de prosseguir!) Enfim... após ter uma filha mulher as questões de genero passaram a me tocar mais fundo e, há 2 dias, minha filha ingressou em um novo colégio!
Qual não foi o meu choque quando no registro colegial dela constava o nome: Sophia dos Santos... sim!
O primeiro e último nome (do pai) como é costume em várias sociedades...
Eu fiquei chocada pelo fato de em pleno 2016 acharem normal literalmente apagar o nome da mãe (recapitulando: que concebeu, gestou por 9 meses e pariu) do registro escolar...
Procurei a escola e expliquei que, lá em casa, ensinávamos nossa filha a prezar o feminino desde cedo e a enaltecer o papel da mulher na família e na sociedade, o que começava na importancia do nome da mãe e de sua família materna, uma questão de empoderamento...
Imediatamente o registro foi corrigido: Sophia Medina dos Santos (quando ela tiver idade escolherá qual sobrenome adotar, como eu escolhi o da minha mãe, ou do pai), mas...
O fato assustador é a naturalidade com que nós mães somos formalmente apagadas por convenções machistas que devem remontar à época que mulheres e seus filhos eram propriedades exclusivas dos homens...
Parafraseando o premier canadense: estamos em 2015...
Ops, já é 2016!

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