Corro atrás e nunca chego na frente,
Às vezes não chego e quando chego,
É atrasado; corro atrás, atrás dos morros,
Atrás das montanhas, dos ventos e das
Chuvas; corro atrás das sombras, das minhas
E das sombras das assombradas assombrações;
Persigo estrelas, luas e sóis, caço furacões,
Procelas e outras tempestades e é por
Isto que aparento ter mais dum milênio de
Vida; corro atrás do tempo, da modernidade
E do novo, de novo; corro atrás da realidade,
Da verdade e da revolução com evolução;
Por ser muito antigo, minhas ideias são
Ultrapassadas, não se renovam e nem
Apresentam novidades; corro atrás,
D'além mares e não chego nem na praia
Para morrer, morro afogado; com as
Minhas naus obsoletas, minhas frágeis
Caravelas, não descubro um novo torrão
De terra à vista, um continente utópico,
Uma ilha da fantasia; corro atrás das
Despedidas, das idas, para ver se chego
Em dia em algum lugar; mas, todos,
Tudo são mais velozes, galgam cordilheiras
Num salto, transpõem universos num
Descuido e agigantam-se infinitos a
Deixarem-me aturdido, por permanecer
Caído; e corro atrás, capenga, coxo,
Perneta, aleijado; rastejo réptil,
Desconsolado, um desassossego; a
Raios de distância, não jogam-me boia,
Um colete salva-vidas; e com pesos nos
Pés, afundo-me no oceano de areias
Movediças; não aporto nas obras-primas,
Que seriam o cais da minha vida.
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