segunda-feira, 17 de julho de 2017

Gostaria de ter lido o que escrevo; BH, 02201102013; Publicado: 070502014.


Gostaria de ter lido o que escrevo
Para poder ter uma ideia
De como os leitores sentem as obras
Que os apresento admito
Não é fácil converter pessoas em leitores
Não é fácil atrair ledores
Para letras palavras
Linhas frases
Sentenças orações
Períodos palavrões
Para palavrões
Se são os do mais baixo calão
Se são dos mais cabeludos
Dos mais pornográficos
Pode-se até conseguir uns neófitos
Uns carolas beatos pela literatura
Se não for assim
Pelas vias normais
Não é capaz de aparecer um simpatizante
Um adepto para este evangelho apócrifo
Não há pregação que os convença
Não há sermão que os converta
Desta forma não dá como saber o impacto
Se há algum erro
Se há algo interessante
Bem
Não faz mal
Penso que continuarei a levar a vida
De pseudo escritor
De falso poeta
De fingidor inveterado
Um dia
Se sair das trevas
Se a obra ouvir o fiat lux
Ganhar vida própria
Como um fantasma
Se tiver transformado-me
Idem num fantasma lá no limbo
Ficarei satisfeito lindo
Algum átomo das minhas cinzas
Fará chegar até a mim
A notícia dessa levitação

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