sexta-feira, 14 de julho de 2017

Não nego sou a reencarnação de Fernando Pessoa; BH, 0120102007; Publicado: BH, 0250702014.

Não nego sou a reencarnação de Fernando Pessoa
Ou psicografo obras de Fernando Pessoa de todos os seus
Heterônimos ou então fui influenciado por Fernando Pessoa
Porém Papai Noel é o que não sou não posso me ofender
Quando um bando de imbecis passa por mim aos gritos Papai
Noel Filho da puta penso que quem procura acha deveriam
Mereciam uma reação minha que sem reagir já sou ridículo
Estúpido imagina ao reagir então serei estúpido ridículo ao
Dobro não nego trago fantasmas ectoplasmas fluídos de
Fernando Pessoa sopros luzes brilhos de olhos pestanas
Sobrancelhas pessoanas estúpido estúpido estúpido
Quantas vezes preciso me chamar de estúpido para me
Conscientizar da minha estupidez? não estudo não leio não
Escrevo não penso não raciocino não tenho nada que tenha
Qualidade dentro de mim sofro de dor sofro de pena sofro de
Doenças contagiosas universais mentais físicas espirituais
Necessito de cuidados especiais pois sou fraco frágil flácido
Sou feito só d'água gordura falta-me nervos ossos
Músculos falta-me carne fibras couro só pele raros pelos
Ainda ânimo atrevimento audácia meus sonhos que são
Pesadelos de noites de enforcados ânsia ansiedade angústia
Vazio de oco no organismo vácuo no intestino frieza calafrios
Na barriga é a insegurança falta de confiança não tenho nada
A me agarrar na hora da queda caio seco no caos o que me
Acudirá? não tenho dignidade nem cidadania muito menos
Soberania tal qual tem a classe política a burguesia a elite
Têm dinheiro para comprar consumir existir quero existir tenho 
Que existir preciso existir quem diz que existo? existo nada
Sou mais incógnito do que um inseto passo mais despercebido
Do que uma barata vivo mais (vivo?) retirado do que um ermitão
Recolhido só sozinho caramujo peixe-boi animal mais raro do
Que sou só sou mesmo ao tentar existir existir existir existir porém
A poeira o pó persistem vejo-me um deserto um amontoado
De dunas um depósito de areias um terreno imenso de desertos
De planetas inabitáveis de estrelas desaparecidas vivo (vivo?)
Distante da luz invejo quem já anda na luz invejo o que já está do
Lado da luz invejo quem disse haja luz em mim isso nunca
Aconteceu em mim a luz não existiu não existe nunca existirá
Perdi a noção de ficar indignado comigo mesmo com os outros
Sou a coisa mais ridícula do mundo quando tento ficar ou fingir de
Indignado todos riem de mim pois ninguém me leva a sério nem
Fiz por onde nunca quis crescer me preocupei com coisas inúteis
Deixei de lado a ética a lógica o desenvolvimento deixei de lado
A beleza a filosofia a metafísica deixei de lado a escrita a língua
A leitura o saber deixei de tudo parti para a ignorância a estupidez
Apoderou-se do meu ser tomou conta do meu eu o que restou de mim
Foram trevas que esconderam minhas sombra tornei-me então aquele
Homem sem sombras que não deixa vestígio por aonde passa nem no
Passado nem no presente nem no futuro pois homem sem alma
Ausente só choro só de chororô dum choro de lágrimas tristes coração
Partido por não ser repartido com ninguém ser que amor não
Tem não fala a língua dos anjos nem fala a língua dos homens já
Deixou de ser nada há muito tempo passou a não existir porque o nada
Ainda é alguma coisa sou sem amor nem alguma coisa sou não dou-me
Nem doo-me a alguém meu vai vem é infrutífero minhas raízes
Envergonham-me pois são apodrecidas esquecidas abandonadas
Por mim aonde ando sou? não perguntei qual o caminho o vento não
Trouxe a resposta a natureza não me indicou o lado certo às margens
Do rio afoguei-me no lugar mais raso o peixe não me ensinou a nadar
A borboleta não quis saber de me ensinar a voar pelo menos
Por alguns momentos de felicidade porém que valessem uma vida

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